Ministros da Defesa de 21 países assinaram uma carta em que se comprometem a manter a paz na região e reconhecer a soberania dos países. A declaração é resultado da 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA), realizada em Brasília.
O documento classifica como “ilegítima” a invasão russa na Ucrânia e critica a atuação de grupos armados no Haiti. Apesar de mencionar a guerra da Ucrânia logo no início do documento, o trecho gerou divergência entre representantes.
Canadá, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Haiti, Paraguai e República Dominicana fizeram uma ressalva para reiterar “sua reprovação de maneira incisiva sobre a invasão ilegal, injustificável e não provocada da Ucrânia”.
“Os conflitos em todo o mundo, como a invasão da Ucrânia e os atos de violência exercidos por grupos armados que aterrorizam a população no Haiti, não são os meios legítimos para resolver as disputas, de modo que os Estados-Membros da CDMA, esperam uma solução tão pronto seja possível”, diz a carta.
Laços
No documento, os representantes declaram apoio às medidas contra o crime organizado e a atuação das forças militares em apoio à sociedade civil, principalmente em situações de desastres, epidemias e no fluxo migratório de pessoas. A preservação do meio ambiente e o combate às mudanças climáticas também foram pontos de destaque da carta.
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, reiterou a importância da democracia e da liberdade. Na avaliação dele, a reunião cumpriu seu papel em fortalecer os laços entre os países com o evento presencial, com a retomada das atividades pós pandemia de covid-19.
“O compromisso dos nossos países com a democracia e a liberdade é um parâmetro que deve nortear nossas ações. Foram definidas nessa conferência as atividades a serem conduzidas na próxima edição. Já temos metas. Brasil sediará em 2023 o exercício de ciberdefesa dos estados membros da CMDA”, disse.
O anfitrião do próximo encontro, o ministro da Defesa da Argentina, Francisco José Cafiero, afirmou que “o cenário internacional incerto, desigual e complexo nos exige todos os esforços para manter o diálogo, a cooperação e os esforços mútuos”.
“Esse espaço multilateral nos permite a oportunidade de debater nossos erros e necessidades. A manutenção da paz na nossa região não é incompatível com a manutenção das nossas soberanias. Para nós, defender a paz é cuidar do futuro. Nenhum dos 34 países que compõem essa conferência está alheio à situação no atlântico sul. No século 21 não há mais lugar para o colonialismo ou para ocupações ilegais. Para nós, trabalhar unidos é a resposta mais contundente diante dos desafios”, afirmou.