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3ª via pode ser natimorta, mas não está enterrada

Da mesma forma que o antipetismo incomoda as bases de Luiz Inácio, o antibolsonarismo virou um calo nos cinco dedos da direita, digo do pé direito, do capitão presidente. Eles e seus seguidores acham normal, mas obviamente que o incômodo inicial vem se transformando à medida em que se aproxima o dia do juízo final, o esperado, embora temido, 2 de outubro. O problema é que contrariedade (sinônimo do prefixo anti) tem o mesmo sentido, o da rejeição, que, no português literato, é a forma de um indivíduo ser deliberadamente excluído de uma relação ou interação social.

E essa exclusão é muito mais nociva quando uma pessoa ou candidato é rejeitado por indivíduos ou por um grupo inteiro de pessoas. Aí, o trem fica feio, começa a descarrilar. Os dois principais candidatos sofrem com antigos e atuais aliados. Enquanto Lula da Silva e o PT penam para apagar de suas memórias parceiros como José Dirceu, Antônio Palocci, Delúbio Soares, Valdemar Costa Neto, Roberto Jefferson, Pedro Corrêa, Ricardo Barros, Ciro Nogueira e Arthur Lira, esses três últimos companheiros do petismo de Dilma Rousseff, Jair Messias não consegue – talvez nem queira – se desvincular de nomes como Valdemar Costa Neto, Roberto Jefferson, Ricardo Barros, Ciro Nogueira e Arthur Lira.

Apesar de exceções pontuais, coincidentemente os “formadores de opinião” de um e de outro governante são os mesmos. Sempre os mesmos. Também excetuando os baluartes do petismo lavajatista, os demais políticos são conhecidos da massa por leiloeiros de apoios. Valdemar, Jefferson, Barros, Nogueira e Lira, entre muitos outros nomes escondidos no PP, PL, PTB e Republicanos, apoiaram Lula no passado e hoje estão perfilados ao lado do presidente Bolsonaro. Acho que ainda não houve necessidade, mas se houver eles não hesitarão em bater continência. Com os escrúpulos mandados às favas, os criadores de legendas com perfis similares fizeram isso no passado. Foi quando as portas do inferno se abriram no Brasil.

Devo registrar que nenhum deles é afeito a virar casaca, mas, sem qualquer pudor, fecham com o mandatário da vez, com a garantia de favores caros e nada republicanos, os quais podem ocorrer no módulo emendas, por meio de cargos na pesadíssima estrutura federal e, se não incomodar o chefe, um ministério aqui e outro ali, desde que com porteira fechada. Preso no esquema do mensalão, Valdemar Costa Neto foi o principal responsável pela filiação de Bolsonaro ao PL. Roberto Jefferson chegou a ser encarcerado (hoje está em prisão domiciliar) pela defesa radical daquilo que o presidente também defende: o golpe.

Os dois aliados estão em atrito velado e isso pode respingar no capitão. A disputa de egos não é diferente na plêiade papal do PT. Faltando alguns meses para as eleições, tanto o sapo barbudo quanto o Bozo precisam urgentemente colocar ordem na casa, sob pena de os mexericos domésticos acabarem por ofuscar a cozinha de ambos. Pelo sim, pelo não, é bom que coloquem a barba e a farda de molho. Mesmo fragmentada, patinando e não achando meios de estancar o tédio do eleitor, a terceira via não está enterrada.

Ainda que ela não emplaque, que esteja definhando ou que seja natimorta, é de bom alvitre que seja lembrada e tratada com um mínimo de carinho. Juntos, os chamados azarões alcançam cerca de 20% do eleitorado, ou seja, aproximadamente 30 milhões de votos. Não é nada, não é nada, mas são votos capazes de garantir a reeleição de um ou o retorno de outro. Quem dá mais?

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