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Começa período da seca e bombeiros orientam agricultores contra incêndios

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Gabriela Moll

Acostumado a tentar apagar princípios de incêndio com água e galhos, o auxiliar de serviços gerais João Gomes, de 48 anos, construiu seu próprio abafador — artefato usado para contenção das chamas — com a ajuda de instrutores do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. “Antes disso, nem sempre dava certo”, confessa o trabalhador de um condomínio no Setor Habitacional Tororó, em Santa Maria, próximo a São Sebastião.

João é uma das 70 pessoas que participaram da oficina de combate a incêndios florestais e de construção de abafadores ministrada pelos militares. Durante toda a tarde de terça-feira (10), quatro bombeiros ensinaram aos participantes quais as ferramentas mais usadas, os materiais de proteção mais eficazes e a importância da prevenção às ocorrências no Cerrado.

“É de extrema ajuda para o nosso trabalho que o imediato atendimento ocorra”, afirma o comandante do 11º Grupamento de Bombeiro Militar, em São Sebastião, major Adriano Abreu. Ele reforça que, para evitar grandes perdas da vegetação, o fogo tem de ser controlado por meio de abafadores.

Única mulher entre os alunos, a auxiliar-administrativa de outro condomínio do Tororó Andressa Arantes, de 20 anos, nunca teve de lidar diretamente com o fogo, mas entende que precisa saber como agir. “Na hora de uma emergência todos têm o dever de ajudar”, aponta a funcionária. Já o chacareiro José Batista Neto, de 65 anos, apagou três incêndios na propriedade em que mora desde 2000. “Certamente ficarei mais tranquilo sabendo como usar esse instrumento.”

Abafador – Principal ferramenta para controle direto do fogo, o abafador é um utensílio de uso manual que tem cerca de 2,5 metros de cabo de madeira de eucalipto — espécie resistente às chamas. A lâmina de borracha usada para abafar tem quatro milímetros de espessura, 45 centímetros de largura e 65 centímetros de comprimento. Os bombeiros referem-se ao objeto como material de ataque direto no combate ao fogo. Além do abafador, os militares aconselham o uso de luva, bota, máscara, balaclava (espécie de chapéu que cobre a cabeça, a nuca e os ombros) e óculos de proteção.

O encontro aberto a moradores, condôminos, chacareiros e trabalhadores da região ocorreu no Residencial Santa Mônica, no Setor Habitacional Tororó, por iniciativa do Conselho Comunitário de Segurança do Tororó. De acordo com a administradora de empresas e presidente do conselho, Viviane Martins Fidelis, o curso é uma forma de mostrar resultados para a comunidade. “Em abril, intermediamos palestras e oficinas de primeiros socorros com a ajuda dos bombeiros, outro assunto essencial para os moradores daqui”, diz Viviane, referindo-se aos acidentes com animais peçonhentos que ocorrem na área rural.

Assim como os moradores do Setor Habitacional Tororó e do Jardim de Botânico — regiões atendidas pelo grupamento de São Sebastião — qualquer cidadão do DF que trabalhe ou more em área rural, ou próxima a ela, pode solicitar oficinas do Corpo de Bombeiros.

Os pedidos devem ser feitos pelo telefone (61) 3901-2927, da Seção de Ensino, Pesquisa, Ciência e Tecnologia do Grupamento de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal ou nos grupamentos das regiões administrativas.

Ocorrências – Só neste ano foram registradas 233 ocorrências de incêndios florestais no DF, sendo 39 de 1º a 9 de maio. Em 2015, foram 53 incêndios nos 30 dias do mesmo mês. Em 2015, o número de ocorrências foi de 5.178, o que equivale a 12.685 hectares em área queimada. Em 2014, os bombeiros registraram 3.837 ocorrências e 7.474 hectares perdidos. Os números representam um aumento de 34,9% dos casos e de 69,7% de área queimada em um ano.

Em 25 de abril, o governo decretou estado de emergência ambiental no DF que durará até novembro. De acordo com o texto, os 17 órgãos que integram o Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Distrito Federal, entre os quais o Corpo de Bombeiros, deverão adotar medidas necessárias para minimizar as ocorrências e os danos dos incêndios florestais.

Verde Vivo – Apresentar à sociedade medidas de prevenção a incêndios florestais é parte da Operação Verde Vivo, que tem como objetivo prevenir e minimizar os danos causados pelo fogo ao meio ambiente. A operação é dividida em cinco fases que vão até novembro.

A primeira tem foco nas aulas como as do Setor Habitacional Tororó. A segunda, iniciada em 1º de maio, consiste em intensificar as atividades nos quartéis como recursos humanos e materiais.

Considerada a etapa intermediária, a terceira (de 1º a 31 de julho) também tem como foco incrementar os quartéis e preparar os militares para a quarta fase (de 1º de agosto a 15 de outubro), em que a estiagem é avançada. Na quinta (de 16 de maio a 15 de novembro), o combate é reduzido devido ao período de chuvas. As datas podem mudar de acordo com a necessidade.

Emergência do Corpo de Bombeiros
Disque 193

Agência Brasília

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