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Suspeição mela licitação de 500 milhões na segurança privada desejada pelo Buriti

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Bartô Granja

O que os deputados Robério Negreiros (PSDB) e Cristiano Araújo (PTB), têm em comum, além de votarem na Câmara Legislativa as matérias de interesse do governador Rodrigo Rollemberg? Resposta: eles pertencem a famílias que dominam o mercado da terceirização de mão-de-obra, como a vigilância armada.

Essa condição permite aos dois distritais-siameses, a ponto de serem conhecidos por Toddynho (Robério) e Danoninho (Cristiano), alavancar negócios milionários para os parentes, pagos pelos cofres do Palácio do Buriti. Agora mesmo, pais e tios dos dois parlamentares sonham com o tilintar de mais de 500 milhões de moedas em seus cofres por longos 60 meses.

Ou melhor, sonhavam. A possibilidade de essa dinheirama parar nas contas da Brasfort (do pai de Robério) e da Ipanema (do tio de Cristiano) começa a virar pesadelo. Tudo por conta da suspeição em torno de uma licitação a cargo da Secretaria de Planejamento, e que caminha para ser cancelada. Não se sabe de quem partiu a ordem para suspender a licitação, mas suspeita-se que sua origem tenha sido no Tribunal de Contas ou no Ministério Público.

Tecnicamente – esse seria o motivo para cancelar o pregão -, o vencedor teria de colocar do próprio bolso 10% do contrato. Isso porque, pelo desenho das planilhas, o preço sugerido pelo Governo de Brasília ficou abaixo do valor de mercado. Em outras palavras, seria como se alguém pagasse para trabalhar, um princípio que contraria o capitalismo e que se choca até com a doutrina marxista-leninista.

Em conversa com Notibras, um empresário do ramo de terceirização de mão-de-obra admite que alguém teria manobrado para beneficiar, além da Brasfort e Ipanema, a Confederal (do senador Eunício Oliveira), e a Brasília, da família do ex-deputado César Lacerda. Na pior das hipóteses, estaria por trás de todo o esquema um aditivo emergencial, a curtíssimo prazo, para rever os valores contratados.

Mamata – A possibilidade de os preços serem revisados para cima aparece na própria licitação, ao afirmar expressamente que o vencedor fica obrigado a manter os preços por um período máximo (e não mínimo) de cinco anos. E como máximo pode se resumir a 24 horas da assinatura do contrato…

– A única explicação para que alguém queira participar da licitação é essa. A certeza de que os valores serão revisados imediatamente, enfatiza esse empresário, que falou sob a condição de não ter seu nome revelado.

Trechos do edital vinham sendo lançados no mercado desde meados de fevereiro. Na previsão da Secretaria de Planejamento, a licitação compreenderia a contratação de mais de 7 mil vigilantes. Os valores são desencontrados no âmbito do próprio Governo de Brasília. Enquanto alguns setores estimam algo em torno de 520 milhões, há quem projete um gasto de até 604 milhões de reais. Por ano.

O universo a ser atendido é a própria Secretaria de Planejamento, que concentra 64 órgãos governamentais, além da Secretaria de Saúde (hospitais, Upas, postos de atendimento e farmácia de baixo custo). O que ninguém consegue explicar, é por que, no ano passado, para a mesma modalidade de serviço, foram gastos 253 milhões. Coincidentemente, para a Brasfort, Ipanema, Confederal e Brasília, empresas responsáveis, até hoje, pela execução dos contratos.

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