Cadê você, Rollemberg? Vai se esconder atrás das OS’s que o doutor Humberto tanto quer?
Publicado
emMarta Nobre
Humberto Fonseca é um pau mandado do Palácio do Buriti. Se perde num labirinto de palavras e promessas vãs. E, pior, mostra um lado que até Deus duvidava, mas que o segmento já imaginava – o de corretor de Organizações Sociais. Corretor, literalmente, é quem ganha dinheiro com a intermediação de idéias e bens móveis e imóveis.
Pronto. Está aí a reação do SindiSaúde, na voz da sua presidente Marli Rodrigues, à entrevista que o secretário de Saúde concedeu neste fim de semana a diferentes veículos. Fez lembrar algo arranjado, a ponto de, em alguns casos, ganhar mais espaços que temas como o massacre em uma boate de gays no Estados Unidos e a derrota do Brasil para o Peru.
– Até parece que ele (o secretário) sabe do que está falando. Mas a verdade é outra. Tudo não passa de script teatral de um amador que desconhece o palco em que está pisando. Não bastasse isso, ele é incapaz de imaginar a sensibilidade do público que o assiste, afirmou a dirigente classista nesta segunda-feira, 13.
Segundo Marli, quando Humberto Fonseca diz que o objetivo é tornar a atenção primária “o regulador do sistema”, é como se ideia fosse dele. Entretanto, observou, “essa proposta já está prevista inclusive na Lei 8.080, de que a atenção básica é a porta de entrada às ações e aos serviços de saúde. Ou seja, não há novidade nenhuma nesse plano que ele diz ser tão revolucionário”. O ‘plano’ de Humberto Fonseca, ressalte-se, é entregar a saúde de Brasília a Organizações Sociais.
Na avaliação de Marli Rodrigues, o secretário não passa de “um operador que recebeu a missão da ‘irmandade’ de entregar a saúde pública às OSs. O grande mistério, observa a presidente do SindSaúde, está no por quê, pois “se temos estrutura, pessoal e o governo não tem dinheiro. Seria o pagamento de alguma dívida? Então ele se transformou em corretor de OSs?”.
Bolso cheio – Em suas declarações, na tentativa de vender sardinha em lata como sendo bacalhau norueguês, ou mesmo gato por lebre, o secretário apresentou como bom exemplo as organizações sociais no Rio de Janeiro e Goiás. Marli rebate.
“Poderíamos citar aqui inúmeras irregularidades envolvendo essas e tantas outras OS’s pelo Brasil afora, mas vamos lembrar apenas que 8 das 10 OS’s do Rio, estão sob investigação da Justiça; cientistas de Harvard e Oxford alertaram a Organização Mundial da Saúde que a Olimpíada deveria ser transferida ou adiada em decorrência da falta de controle sobre o zika vírus no Rio; no interior do Estado, prefeito e secretários de Barra Mansa foram afastados por desvio de boa parte dos recursos investidos em remédios da farmácia básica — dos cerca de R$ 2,8 milhões empenhados, apenas R$ 477 mil foram realmente gastos na atenção primária”.
Mais perto de Brasília, acentua Marli, há o caso de Aparecida de Goiânia (GO), onde o governo terá de explicar porque pagou a uma OS, ao longo de quase dois anos, 5 milhões de reais pelo funcionamento do Centro de Referência e Excelência em Dependência Química (Credeq) que sequer foi inaugurado.
– Não resta dúvida que o secretário quer trazer para o Distrito Federal os piores exemplos de gestão em saúde, desabafa a líder classista.
Em suas afirmações, Marli Rodrigues não deixa escapar nem a figura do governador Rodrigo Rollemberg “que faz pouco caso e até despreza a inteligência dos servidores e da população”. Ela sustenta que nos bastidores da Secretaria de Saúde, já se sabe sobre as operações envolvendo os ‘guardiões do Buriti’.
– A façanha cruel de Marcelo ‘Devil’, figura conhecida que saltou de um simples cargo de motorista para uma das mais importantes pastas e que hoje anda cercado de seguranças, revoltou vários funcionários da Secretaria. Imagine a cena: Marcelo rasgando o empenho do marca-passo. Podemos sentir a dor dos familiares que perderam seus entes pela falta de marca-passos, pontua.
Marli acusa Devil de ser autor de vários esquemas “junto com um poderoso que também é da Secretaria e que logo virá a tona. Na compra dos kits da dengue o limite de gasto em cada um era de R$ 22. O real valor de do kit foi de R$ 8, mas exorbitantes R$ 55 foram gastos por material. Já o mistério da TicketCar só mesmo a polícia federal para investigar e explicar…”
Ao aprofundar as denúncias de corrupção, Marli indicou “desvios das fontes 100 e 138, para ‘honrar compromissos’, que terminaram em festinhas em outro Estado. Enquanto os aposentados mendigavam suas merecidas pecúnias, conquistadas com uma vida inteira de trabalho, os desvios nessas fontes — que destinam o pagamento aos servidores e fornecem recursos para a atenção básica, respectivamente — eram comemorados em uma festinha à surdina. E como o dinheiro voou para outros bolsos, quem fez mesmo a festa foi o aedes aegypti…
– São esses pequenos exemplos que nos mostram o quanto a corrupção pode piorar ainda mais com a contratação de OSs nas mãos de seres gananciosos e sem escrúpulos.
Boi de piranha – Depois do bacalhau-sardinha e da lebre-gato, Marli coloca na história a figura do boi de piranha destinada a Humberto Fonseca. “O problema está no comando. O governador (Rodrigo Rollemberg) está de braços cruzados e o secretário posa para fotos falando de um projeto que não é seu, é apenas a lei sendo aplicada de forma terceirizada”, acrescenta.
Para a presidente do SindiSaúde, é inadmissível que Rollemberg assista a tudo isso calado. “Afinal de contas, ele teve as bênçãos do povo e o voto de confiança para não permitir esse tipo de conduta no governo de Brasília. Ele não pode agir como um cheque em branco para gastar em benefícios para a população”.
– As promessas sopradas na campanha eleitoral que levaram Rollemberg a chegar ao Buriti continuam sendo levadas pelo vento. O governador é sinônimo de decepção. Tudo nos leva a acreditar que o problema não é a falta de dinheiro e nem de gestão, mas sim a falta de um governador.
Palavra de Marli Rodrigues!