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Devoradores de cultura invadem Feira do Livro e FAC dá dicas sobre projetos

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Samira Pádua

Dar um novo significado à prática pedagógica e resgatar o interesse dos alunos pelas aulas. Com essa perspectiva, a professora da rede pública de ensino do Distrito Federal Gina Vieira Ponte buscou adentrar o universo dos estudantes, marcado pelas novas tecnologias.

Aderir a uma rede social foi um dos passos, e um vídeo, em especial, chamou a atenção. “Uma aluna se apresentava dançando de maneira erotizada uma música com apelo sexual e que fazia referência à mulher com termos chulos. Aquilo me incomodou”, conta. “Depois de ver o comportamento dessa aluna, percebi que um caminho possível seria trazer novos referenciais para ela.”

Nasceu, então, o projeto Mulheres Inspiradoras, que leva aos alunos reflexões sobre igualdade de gênero, representação da mulher na mídia e violência contra a mulher, entre outros temas. O objetivo é estimular a leitura e a escrita autoral e valorizar o protagonismo do estudante.

Com prêmios nacionais e internacionais, o projeto da professora Gina envolve ações como leitura de obras de autoria feminina, a exemplo de O diário de Anne Frank e Eu sou Malala —, estudo de biografias de mulheres; entrevistas com mulheres atuantes nas diversas comunidade do DF; campanha, em redes sociais, de combate à violência de gênero; e narrativas de histórias, por parte dos estudantes, de mulheres consideradas inspiradoras por eles.

Muitos escolheram parentes, como a mãe e a avó, conta a professora de 44 anos — 25 deles na rede pública do DF. Dos relatos, surgiu o livro que leva o nome do projeto, colocado em prática pela primeira vez no Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia. O projeto Mulheres Inspiradoras contou com duas edições nessa escola, em 2014 e em 2015, já foi aplicado para alunos do Centro de Ensino Fundamental 2, da mesma região, e, até o fim de 2016, ocorrerá no Centro de Ensino Fundamental 20, também em Ceilândia, onde a professora leciona atualmente.

Graduada em letras e especialista em educação a distância e em desenvolvimento humano, educação e inclusão escolar, Gina Vieira Ponte é um dos docentes homenageados da 32ª Feira do Livro de Brasília, cujo tema é Meu Mestre, Meu Livro. “É uma honra sem igual, sobretudo porque o meu lugar de fala é o lugar de professora, no chão da escola pública, com uma profunda consciência do papel como formadora de leitores. O meu desejo é que essa homenagem possa lembrar todos nós, professores, de que estamos em um espaço privilegiado, em que podemos ajudar nossos alunos a se apaixonarem pela leitura.”

A edição de 2016 da feira do livro vai até 24 de julho, das 9 às 21 horas, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, com entrada franca e censura livre. Promovida pela Câmara do Livro Distrito Federal e pelo Sindicato dos Escritores do DF, a atividade tem o apoio do governo de Brasília.

Haverá cerca de cem estandes e mais de 300 eventos simultâneos, entre workshops, palestras, saraus, apresentações teatrais e musicais, debates, lançamentos e sessões de autógrafos.

Para o evento, a Secretaria de Educação trabalha em diversas frentes. Uma delas é a liberação, via Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pdaf), de R$ 500 mil, que serão distribuídos para as 14 regionais de ensino. O objetivo é atualizar os acervos das escolas e de bibliotecas com obras paradidáticas compradas na feira, com base nas necessidades das unidades e nas sugestões dos alunos. “Não consideramos um gasto, mas um investimento, que vai permitir ainda mais o crescimento intelectual dos estudantes”, ressalta o subsecretário de Educação Básica, da Secretaria de Educação, Daniel Damasceno Crepaldi.

A programação inclui ainda lançamento de obras de professores e visita de autores a escolas da rede, de 18 a 22 de julho. Os escritores Carlos Nejar, Joaquim Maria Botelho, Frederico Barbosa, Felipe Fortuna e Antônio Carlos Secchin conversarão com os estudantes sobre temas como poesia, conto e romance. Outra atividade da feira do livro será a exposição de obras de estudantes escritores da rede pública, no estande da secretaria.

Já por meio da Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude, cerca de 120 jovens do sistema socioeducativo, tanto das unidades de internação quanto de semiliberdade e de meio aberto, visitarão a feira. Atividade relacionada ocorreu na unidade de internação de Santa Maria em 10 de junho, quando o escritor de Brasília Flávio Vieira teve um bate-papo com as adolescentes do local, com o tema Aprender com o fracasso é o atalho para o sucesso.

No domingo (17), uma equipe do Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Cultura, promoverá oficina gratuita de obtenção do cadastro de ente e agente cultural, essencial para a apresentação de projetos a serem executados pelo fundo. Será às 15h30, no estande da Mala do Livro, na Ala Sul do Centro de Convenções.

Agência Brasília

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