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Ataques a UPP derrubam mito da pacificação criado pelo governo

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As comunidades do Complexo do Alemão, na Zona Norte; a Rocinha, em São Conrado (Zona Sul) e Cidade de Deus, na Zona Oeste, todas com UPP, não podem mais ser consideradas como “pacificadas”. Nos últimos três dias, as unidades policiais dos bairros têm sido alvo de ataques de traficantes e nas favelas têm havido muitos tiroteios. O direito de ir e vir tranquilamente acabou. Agora impera o medo.Ao invés de reconhecer falhas na política de pacificação, o governador Luiz Fernando Pezão insiste em responsabilizar os adversários políticos.

Uma intensa troca de tiros assustou moradores do Complexo do Alemão entre o fim da noite desta segunda-feira e a madrugada de hoje. Nas redes sociais, internautas disseram que uma viatura teria tombado no interior da Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, vizinha ao complexo do Alemão durante uma perseguição a bandidos. Mas, segundo a PM, houve apenas explosção de fogos de artifício.

No domingo, um PM da UPP da Cidade de Deus também foi baleado por traficantes. Na Rocinha, também no final de semana houve tiroteio. Segundo o comandante das UPPs, coronel Frederico Caldas está tudo sob controle. Porém, em fevereiro, Caldas foi ferido por um estilhaço de granada jogada por traficantes na Rocinha.
A reportagem do NOTIBRAS teve acesso ao relato de um policial militar lotado em uma UPP, que mostra as péssimas condições de trabalho dele e dos demais colegas na unidade.

“Eu trabalho na escala 12h x 12h e 12h x 60h, o que é massacrante, pois passamos a maior parte do tempo em pé. Com o passar das horas do plantão é comum sentirmos câimbras e dormências nas pernas. Porém se quisermos sentar para aliviar um pouco este mal-estar, temos que fazê-lo nos becos e vielas da comunidade, arriscando assim nossas próprias vidas pois acabamos por ficar exposto, longe do trailer onde a UPP está baseada.

Para diminuirmos esse risco, fazemos 1/4 (um quarto) de hora entre a nossa guarnição para que este repouso seja possível, sendo assim: Um soldado fica em pé vigiando, para o outro poder descansar por 15 minutos. Isso numa escala de 12 horas em pé! Para irmos ao banheiro é outra dificuldade. Temos que contar com a boa vontade dos pequenos comerciantes locais para que assim, possamos utilizar os banheiros de botecos e bares. Porém, no turno da madrugada, no qual todo o comércio local já está fechado, temos que fazer nossas necessidades fisiológicas nas ruas ou em matos, o que para mim é uma vergonha, sendo eu uma agente de polícia, uma representante da segurança pública do Estado.

Isso sem contar que em muitas comunidades, por ordem do tráfico, os comerciantes locais não podem vender nenhum tipo de alimento ou água mineral que seja para os policiais. Caso nós policiais quisermos fazer alguma refeição, precisamos sair da comunidades. Se perguntar à qualquer outro policial que trabalha em uma UPP, ele vai lhe confirmar todas estas informações.

Agora expresso meu questionamento: Será que com essas situações tão adversas e precárias, não merecíamos uma escala de trabalho melhor? É sabido que nosso trabalho é bem diferente de um policial lotado em um batalhão. Portanto, nós que somos desarranchados, precisamos urgente de uma escala de trabalho mais flexível, para vivermos com mais dignidade, e termos um repouso compatível, para que com isso, possamos prestar um serviço de excelência e mais qualidade à população do estado do Rio de Janeiro”.

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