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Prato saudável

Cai uso de agrotóxicos nas plantações de Brasília

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Jade Abreu

O uso de agrotóxicos nas plantações do Distrito Federal diminuiu nos últimos anos. De 2012 a 2015, a venda dos produtos químicos para agricultores locais caiu de 1.783 para 1.120 toneladas — redução de 37%. O índice da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural mostra que Brasília está na contramão do restante do País, já que o Brasil lidera o ranking mundial em consumo de agrotóxicos, segundo informações do Ministério do Meio Ambiente.

Para a gerente de Sanidade Vegetal da secretaria, Marília Angarten, três fatores podem explicar a menor quantidade de agrotóxicos no campo do DF: clima, custo e procura por produtos orgânicos. Ela conta que o aumento da temperatura e do período de seca reduz o surgimento de pragas. Sobre a questão financeira, esclarece: “Os produtos químicos são importados; e, com a alta do dólar nos últimos anos, reduziu-se a quantidade comprada”.

Para Marília, a demanda de alimentos mais saudáveis também pode justificar a queda na compra de agrotóxico, considerado um veneno. Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), em 2012 havia 86 produtores de orgânicos em Brasília. Em maio deste ano, quando foi feito o último levantamento, eram 192 agricultores — aumento de 123% em cinco anos. O Paranoá é a região administrativa com o maior número de produtores orgânicos: cerca de 70.

O agricultor Matheus Rezende, de 21 anos, trocou a plantação convencional (que usa agrotóxicos) pelo cultivo de orgânicos (sem o uso dos produtos químicos) há um ano. Ele conta que, por ano, gastava R$ 18 mil com o plantio total. Desses, R$ 2,8 mil eram com o produto químico. “[A plantação de orgânicos] é um investimento a longo prazo.” Além disso, ele destaca que os alimentos orgânicos adquirem um outro valor no mercado — o maço da alface, por exemplo, passou de R$ 2 para R$ 3,5.

No sítio de 53 hectares no Núcleo Rural Três Conquistas, no Paranoá, Matheus cultiva milho verde, pepino, pimentão, tomate, mamão, hortelã e cebolinha, entre outros. A irrigação é feita em sistema de aproveitamento, ao bombear um lago com tilápias, e a adubação é com os dejetos dos animais da propriedade.

De acordo com a Emater-DF, cerca de 180 mil pessoas em Brasília consomem orgânicos. Para abastecer o mercado, são produzidas 7,5 mil toneladas de hortaliças e de frutas orgânicas por ano, o que resulta em renda de R$ 35 milhões. Em Brasília, existem 150 pontos de venda de produtos alternativos ao agrotóxico e 46 feiras de orgânicos.

A exposição aos agrotóxicos está associada ao desenvolvimento de câncer, disfunção endócrina e alterações neurológicas, hepáticas, renais e imunológicas, ressalta Marcia Sarpa de Campos Mello, toxicologista do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca).

Marcia também afirma que há o perigo para as grávidas, como a prematuridade e o baixo peso do bebê e o retardo do crescimento intrauterino. “Um estudo nos oito municípios de maiores consumidores de agrotóxico de Mato Grosso encontrou 100% a mais de ocorrência de malformação congênita entre as crianças de mães expostas aos agrotóxicos durante o período periconcepcional [anterior e posterior à concepção] em relação às demais.”

Agência Brasília

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