Justiça doida
Solta turma do massacre e prende ladrão de salame
Publicado
emAlexandre Hisayasu e Bruno Ribeiro
Dois dias após votar pela absolvição dos 74 policiais militares acusados pelo massacre do Carandiru, em 1992, o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, trocou ofensas com usuários da rede social Facebook que questionaram sua atitude. O desembargador, ex-presidente do TJ, votou pela absolvição dos PMs, mas seus colegas optaram por anular os cinco júris populares que condenaram os policiais.
As ofensas foram publicadas em um post da página de Sartori que mostrava um vídeo do filho do desembargador, Guilherme Sartori, candidato a vereador pelo PHS na capital. No vídeo, o rapaz, estudante de Direito, discursava sobre segurança pública. O vídeo foi publicado no dia 24, três dias antes da decisão.
“Vc é uma infeliz que não sabe o que diz. Mais uma incauta dos ativistas do pseudo-direitos humanos. Leia o voto (decisão) e depois dê sua opinião da sua cabeça”, escreveu a página do desembargador, rebatendo uma usuária da rede.
“Outro infeliz, cooptado pelos pseudo defensores dos direitos humanos. Vai ler o processo e depois dê sua opinião consciente!” disse a página, rebatendo outro comentário.
Usuários do Facebook também postaram um meme sobre o massacre na página. A imagem mostra uma pilha de corpos ensaguentados, das vítimas do massacre. Abaixo, uma frase questiona: “Faltou convicção, Tribunal de Justiça de São Paulo?”
Na edição impressa desta quinta-feira, 29, o jornal O Estado de S. Paulo publicou reportagem sobre decisão do desembargador de junho, em que ele condenou um homem por roubar salame no interior do Estado.
A reportagem procurou o desembargador por meio da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo. Não houve resposta até as 19h40 desta quinta-feira.