Brizola
Sonho sonhado consumido pelo esbulho
Publicado
emJosé Escarlate
O presidente Figueiredo dedicava especial atenção com o regresso ao Brasil de Leonel Brizola. Via no intrincado movimento das peças no tabuleiro de xadrez político, problemas mais à frente.
Muitas reuniões foram realizadas tarde da noite em Brasília, para analisar a transição do poder aos civis. A anistia botava os quartéis em xeque. Se aceitar Brizola de volta era inevitável, era igualmente inevitável dificultar ao máximo seu retorno à cena política.
Discretamente, Ivete Vargas veio a Brasília e teve um encontro com o ministro Golbery do Couto e Silva, na chácara dele, em Luziânia. Na conversa, disse que precisava trazer o Brizola para o Brasil, porque ele estava se tornando um mito muito forte fora do país.
Defendeu, na ocasião, que era melhor a sua volta, disputando eleição, porque só assim perderia o prestigio político. Ivete e Brizola disputavam o controle da sigla do PTB. Em 1980, por decisão do TSE, Ivete ganhou a disputa, que teve o dedo de Golbery como articulador.
Um novo PTB, governista, foi criado exclusivamente para enfraquecer Brizola. Ele sonhava retomar o PTB, depois de 15 anos de exílio. Ao saber da decisão do TSE, Brizola chorou.“Consumou-se o esbulho”, afirmou, e acusou o general Golbery do Couto e Silva, mentor da “abertura”, de patrocinar a adversária.