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Operação Drácon

Cadê o grampo que estava aqui? Foi o MP que comeu?

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José Seabra

A Operação Drácon, que investiga supostas propinas pagas a deputados distritais por meio de emendas para quitar velhas dívidas na área da saúde pública de Brasília, vem se transformando numa espécie de Caixa de Pandora mais robusta.

Documentos oficiais obtidos por Notibras indicam que setores do Ministério Público manipularam as fitas gravadas por Liliane Roriz, para atribuir aos membros da Mesa Diretora da Câmara Legislativa fatos que não aconteceram.

Deputados denunciados levantam suspeição contra promotores e procuradores. E no meio do escândalo surge a figura de Rodrigo Rollemberg, flagrado em grampos com frases enigmáticas. ‘Ela não pode voltar’, diz o governador, esbravejando.

Os interlocutores seriam dois ou três desembargadores. ‘Ela’, acredita-se, seria Celina Leão, presidente afastada da Câmara Legislativa. A ser verdade essa versão, estaria caracterizado o uso da influência de Rollemberg para cercear a justiça.

Um documento reservado, anexado como peça de defesa enquanto o processo corria em segredo de justiça, opõe o trabalho desenvolvido pela Polícia Civil ao da perícia feita pela área de informações do Ministério Público.

Enquanto o laudo da Polícia Civil sustenta que o celular de Liliane Roriz foi entregue sem chip – impedindo o resgate de mensagens, ligações, etc – por estar protegido por um sistema iCloud, a versão degravada pelo Ministério Público enxerta trechos que, tecnicamente, eram inaudíveis.

Peritos da área e informação asseguram que o Tribunal de Justiça foi induzido a erro. A ser confirmado, o Ministério Público, que deveria proteger a lei, agiu criminosamente, supostamente defendendo interesses escusos.

Nos dois casos – relatório da Policia Civil e do Ministério Público – identifica-se conflito entre a transcrição feita pelo Ministério Público e a da Polícia Civil. O Ministério Público engendrou um enredo para incriminar os deputados da Mesa Diretora. A perícia policial foi feita 17 dias após os grampos terem ficado sob os cuidados do MP. Período suficiente, atestam profissionais de segurança da informação, para a ocorrência de supressões, enxertos etc.

A análise dos áudios deixa claro que quando o material foi enviado pelo Ministério Público à Polícia Civil, houve um premeditado gesto do MP, com a decisão de os promotores esquecer de pedir para apurar se os áudios tinham sido alterados.

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Se os promotores não agiram assim – o que seria natural em função dos envolvidos – fica caracterizado que o Ministério Público tinha pleno conhecimento que os áudios foram editados por Liliane. Ou seja, não resta dúvida de que enquanto as gravações estiveram em poder dos promotores, houve tempo suficiente para suprimir e enxertar trechos de conversas.

O entendimento é que alguém no âmbito do Ministério Público agiu de má fé. O caso transporta-se literalmente aos tempos dos nossos avós, que brincavam com os netinhos sobre sumiço de um pedaço de queijo na palma da mão.

– Cadê o queijo que estava aqui?, perguntava a boa velhinha. “O gato comeu”, era a resposta. E lá ia o gato, representado pelos dedos passeando na palma da mão, atrás do gato. O gato, o mocinho. O netinho, o bandido, o rato, que comeu o que não lhe pertencia.

O mesmo se dá no caso dos áudios de Liliane. A pergunta que se faz – os áudios deixam isso bem claro – é onde foi parar o áudio original, supostamente manipulado pelo Ministério Público?

No caso das perícias, o laudo do Ministério Publicado fala em ‘Mesa’. Já para a Polícia Civil, o termo é ‘Leda’. Para um deputado que prefere manter o nome no anonimato até o desfecho completo desse imbróglio, ‘Leda’ é uma garota de programa que faz as vezes de escrava sexual que deixou saudades em um dos promotores responsáveis por oferecer denúncia.

– E como ele (o promotor), estava saudoso dos seus momentos de orgia, inconscientemente confundiu-se e jogou uma ‘Mesa’ no processo. Daquelas mesas em que se faz sexo selvagem com Leda para terminar no sofá, no tapete ou na cama, sublinha o parlamentar.

Tecnicamente, em degravações oficiais, quando surgem parêntesis seguidos por reticências (…) é porque a palavra é inaudível, impossível de ser identificada. Mas quando o desejo de macular fala mais alto, troca-se Mesa por Leda. Isso é crime. E gestos criminosos dessa natureza justificam uma devassa em alguns setores do Ministério Público.

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