O romance
Myriam Abicair, a cereja do bolo de Figueiredo
Publicado
emJosé Escarlate
Discretamente, protegido pela segurança, o presidente João Figueiredo viveu um longo amor com a empresária Myriam Abicair. O presidente teria um encontro com Victor Civita, da Editora Abril, dona do Hotel Quatro Rodas, em São Luís do Maranhão. Como era afastado do centro, Figueiredo preferiu o Vila Rica, central, e que estava sendo inaugurado naquele dia. A coisa, porém, parecia um jogo de cartas marcadas.
Quem administrava o hotel era a bela Myriam Abicair, esposa do dono, Luiz Serson. O romance teria começado por acaso. Com a chegada da comitiva, Myrian, a anfitriã, foi em direção ao presidente para recebê-lo.
Com o saguão lotado de políticos, empresários, artistas e um batalhão de fotógrafos, na altura da piscina ela tropeçou e caiu na água. O presidente ainda tentou evitar a queda. Com o corpo molhado e o vestido encharcado, colado ao corpo, Myrian estava mais linda e desfrutável.
O Brasil inteiro sabia que, a partir de um determinado momento, o casamento de Figueiredo era só fachada. No seu entender, o brasileiro era essencialmente conservador. A partir dai o romance se estendeu por mais quatro anos, que pareceram uma eternidade.
Encontravam-se sempre que possível, na maior discrição, claro que com a colaboração da segurança, que tudo via, nada ouvia e nada sabia. Myrian decidiu aderir ao novo amor, que era forte. Deixou de lado a vida de milionária para viver intensamente o amor. Trocou a vida de luxo abrindo mão de tudo. Por pura opção, saiu do casamento de mãos abanando.
Esse amor teve lances bastante complicados. Quando vinha a Brasília, ficava hospedada na casa de um ministro. Myrian Abicair, tinha um sítio em Atibaia, que comprou em 1969, onde montou o “Sete Voltas”, um dos mais frequentados spas do país. Em conversa com a imprensa, anos mais tarde, disse que conheceu “o João, um homem excepcional, mas nunca conheci o presidente Figueiredo”.
Revelou que “João não era homem de dar muitos presentes e nem eu precisava. A nossa relação foi de amor, pois era desinteressada. Eu era uma alienada política”. Revelou que um dia tiveram uma conversa séria. Ela queria casar. Abandonou o marido para viver um amor verdadeiro. Ele recusou, lembrando a tradição da família. Pela impossibilidade de casamento, se separaram, ficando só a saudade e as lembranças.