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Água

Vale tudo pela sobrevivência; até o reuso

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Vancléia Gino, Edição

Até pouco tempo atrás o termo água de reuso era pouco conhecido da população em geral. Mas bastou a escassez hídrica se tornar a grande preocupação no maior centro urbano do País para que assuntos como economia e reuso de água passassem a fazer parte da conversa de, pelo menos, 18 milhões de pessoas.

Entre vários aprendizados, a crise hídrica de São Paulo em 2014 mostrou a necessidade urgente de buscar alternativas à água potável. Ficou claro que o aproveitamento de águas pluviais e as tecnologias de reúso reduzem a demanda sobre os mananciais e, mesmo que as chuvas de 2015 e 2016 tenham apaziguado momentaneamente a questão, o debate permanece.

De lá para cá, o reuso de água apresentou crescimento tímido no País. Mesmo assim, a expectativa é que ele ganhe espaço nos próximos anos, principalmente na indústria. Isso porque o arcabouço legal para a água de reuso, um antigo entrave, começou a ser desenvolvido.

Muitos especialistas já haviam apontado que a falta de padrão nas legislações municipais e estaduais para que os investimentos em reuso de água fossem ampliados, consistia na maior dificuldade para a implementação de novos projetos.

Hoje tramitam no Congresso Nacional projetos de lei em prol do reuso, com textos dedicados a subsídios para empresas, redução de custos e diminuição de impostos para equipamentos utilizados em reuso, por exemplo. Há ainda uma iniciativa do Ministério das Cidades de criar a Política Nacional de Reúso de Água.

As indústrias também estão se mexendo. Sabe-se que o reuso contribui para a redução da captação de água tratada, gera economia e minimiza riscos de futuros períodos de escassez. A própria Confederação Nacional das Indústrias (CNI) apresentou no ano passado propostas de alteração da Lei Federal de Saneamento Básico.

O objetivo das propostas é incentivar o investimento na construção de plantas que tratem os esgotos para produção de água e para garantir que os compradores de água de reuso recebam o recurso na qualidade, periodicidade e preço compatíveis com a demanda.

Como se vê, com o desenvolvimento de um arcabouço jurídico, cada vez mais, o caminho estará aberto para investimentos em infraestrutura por parte das empresas. No Grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV, especialistas têm estudado uma proposta para vincular a quantidade que uma empresa capta de água da natureza à parcela de reuso.

“Esse debate precisa avançar. A gente não pode esperar uma nova crise hídrica, como a que enfrentamos em São Paulo em 2014, para colocar esse assunto em pauta novamente”, afirma Fernando Santos Reis, que presidiu a Odebrecht Ambiental nos últimos 9 anos.

O maior projeto de água de reuso para fins industriais do hemisfério Sul abastece o Polo Petroquímico de Capuava, em Mauá (SP), e outras empresas da região do ABC paulista.

Além do aumento da oferta de água potável para a região metropolitana de São Paulo, o Aquapolo se mostrou uma solução economicamente viável e interessante para a indústria. Para se ter uma ideia do que o projeto representa em termos ambientais, as empresas contempladas deixaram de usar mensalmente 900 milhões de litros de água potável. A água de reuso para fins industriais custa, em média, 50% menos do que a água potável.

“Com o Aquapolo foi equacionado um enorme passivo ambiental e ainda foram obtidos ganhos econômicos em um insumo essencial. O sucesso do Aquapolo mostra que as soluções existem e, de fato, funcionam”.

O projeto deu tão certo que cresceu. Inicialmente o Aquapolo atendia exclusivamente as empresas do Polo Petroquímico do ABC, mas hoje duas grandes indústrias da região já estão conectadas ao projeto e uma terceira está em implantação. Juntas elas consomem aproximadamente 53.000 m³/mês de água de reúso.

Os resultados do Aquapolo estão aí para comprovar que há tecnologia economicamente viável para se conseguir alternativas de água potável para a indústria. Com o arcabouço legal e o modelo Aquapolo, novos projetos podem ser explorados em outros centros industriais espalhados pelo Brasil.

O Juntos pela Água criado durante a crise hídrica de 2015 é hoje, passado o período mais crítico da crise, ampliamos a pauta e passamos a discutir a preservação dos recursos hídricos e também o futuro das cidades, do consumo, da política, dos negócios, da saúde e de outros tantos temas importantes.

O movimento Juntos Pela Água é apoiado pela Odebrecht Ambiental , que presta serviços privados de água e esgoto a cerca 17 milhões de brasileiros em quase 200 municípios do Brasil.

 

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