Inflação controlada
Copom surpreende e derruba taxa de juros para 13%
Publicado
emFabrício de Castro e Fernando Nakagawa
Em meio à pressão política que exige ação para ajudar na retomada da economia, o Banco Central acelerou o ritmo de corte do juro básico da economia. Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiram, por unanimidade, reduzir a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual, de 13,75% para 13% ao ano.
O corte surpreende a maioria dos economistas, que previam redução de 0,50 ponto, e indica intensificação da ação do BC – já que nos dois encontros anteriores o BC havia diminuído a taxa em apenas 0,25 ponto porcentual.
De 71 profissionais consultados, 65 esperavam pelo corte de 0,50 ponto porcentual, cinco projetavam redução de 0,75 ponto e uma casa de câmbio apostava em 0,25 ponto. E o maior corte registrado nos últimos cinco anos.
Setores do governo defendiam o corte de 0,75 ponto porcentual diante da fraqueza da economia, o alto desemprego e os índices de inflação mais controlados. Um argumento pró-redução surgiu mais cedo, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA – o índice oficial de inflação – fechou 2016 com taxa de 6,29%, dentro da meta perseguida pelo Banco Central (4,5%, com tolerância até 6,5%).
No comunicado divulgado após a decisão, o Copom diz que “entende que a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2017 e, com peso gradualmente crescente, de 2018, é compatível com intensificação da flexibilização monetária em curso”.
“Diante do ambiente com expectativas de inflação ancoradas, o Comitê entende que o atual cenário, com um processo de desinflação mais disseminado e atividade econômica aquém do esperado, já torna apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária, permitindo o estabelecimento do novo ritmo de flexibilização”, cita o comunicado. “A extensão do ciclo e possíveis revisões no ritmo de flexibilização continuarão dependendo das projeções e expectativas de inflação e da evolução dos fatores de risco mencionados acima”.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou como positiva a decisão. “A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) foi acertada diante da forte desaceleração da inflação e da frustração das expectativas de recuperação da atividade econômica”, afirma a entidade em nota.
“A indústria considera que a redução significativa dos juros é importante para recuperar as condições financeiras das empresas e das famílias e abrir caminho à reativação dos investimentos, do consumo, da produção e do emprego”, completa a entidade.