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Reserva moral

Vixe, como tem Zé. Mas no Maranhão, um só resolve

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Leonardo Mota Neto

Em política confie sempre no Zé. Geralmente é o mais modesto. Não quer a glória para si. Prefere dividi-la. Ou simplesmente deixar que outros a faturem. Foi assim com o Zé Aparecido, quem não se lembra? Deixava para Magalhães Pinto, que também era Zé, faturar. Tem o Zé Sarney, o Zé Agripino, o Zé Serra. Na Paraíba tem o Zé Maranhão. No Ceará, o Zé Guimarães. Em São Paulo, Zé Aníbal. Teve o Zé Dirceu.

Muitos Zé na política brasileira, mas o Maranhão tem dois: além do ex-presidente da República há um Zé que passa desapercebido da multidão, todavia trabalha como formiguinha invisível para que o Estado entre no mapa dos grandes investimentos com capital externo.

O governador Flavio Dino, após eleito, chamou para ser super-secretário,com a junção de 4 secretarias para cuidar da infra-estrutura do Estado.

O nosso Zé, porém, preferiu ajudá-lo a partir de Brasília, na Câmara dos Deputados, após ter sido eleito com expressiva votação, pelo PSB, de Eduardo Campos.

E como tem conseguido! E o que é melhor, tem conseguido em meio à brutal recessão da economia, dos negócios e da aversão dos grupos do exterior a investir no Brasil.

Ele não é um Zé qualquer. É um Zé com currículo de excelência técnica e política.

José Reinaldo Tavares é o nome dele.

Engenheiro civil, foi diretor do Departamento de Estradas e Rodagem (DER-MA), Superintendente da Novacap, Secretário de Viação e Obras do Distrito Federal, diretor-presidente do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), superintendente da Sudene, superintendente de Desenvolvimento do Nordeste, ministro dos Transportes (1986 a 1990), deputado federal de 1990 a 1994, secretário de Infra-Estrutura do estado do Maranhão, vice-governador do Maranhão (1995-1998) e governador do Maranhão.

Basta? Não.

Como engenheiro, o nosso Zé foi responsável pela construção das pontes José Sarney, que liga o centro histórico de São Luís ao bairro do São Francisco; e Costa e Silva, que liga o centro de Brasília ao Lago Sul. Portanto, conta com duas pontes em seu coração feitas com a gratidão das duas capitais.

Não bastasse isso, foi ainda o responsável pela construção do Parque da Cidade de Brasília, antigo Parque Rogério Pitton Farias, onde fica a piscina de ondas de Brasília, o cartódromo e a sede da Policia Civil. Participou ainda da construção das principais estradas que hoje são utilizadas no estado do Maranhão.

Na política, em 2002, concorreu, pela coligação “O Maranhão segue em frente” (PFL, PMDB, PL, PSD, PV, PSC, PST, PSDC), ao governo, contra Jackson Lago, da coligação “Frente Trabalhista” (PDT, PTB, PCdoB, PPS, PPB, PTN, PAN). No mesmo ano, apoiou Ciro Gomes, depois que Roseana Sarney anunciou apoio à Ciro.

Entretanto, seu adversário, Jackson Lago, passou a apoiar Lula, após encontro entre Roseana Sarney e Ciro Gomes. Após queda de Ciro Gomes nas pesquisas, José Reinaldo, seguiu José Sarney, e passou a apoiar Lula. Com apoio de Zé (José) Dirceu e de Zé Sarney, Zé Reinaldo foi reeleito.

Entretanto, por desavenças com a senadora Roseana Sarney, houve uma ruptura de José Reinaldo com o grupo liderado por José Sarney, em maio de 2004.

Foi impelido para passar ao outro lado. Com o intuito de derrotar a família Sarney, Zé Reinaldo uniu-se a diversas forças oposicionistas do Maranhão, em torno da candidatura de Jackson Lago, que venceu as eleições no segundo turno em 2006, e o sucedeu no Governo do Estado.

Nas eleições de 2010, concorreu pelo PSB, a uma das duas vagas de senador, alcançando o 3° lugar, com 13,99% dos votos. Atualmente, deputado federal elo PSB, além de ter sido uma das âncoras de sustentação da vitória de Flavio Dino para governador do Maranhão.

O que o nosso Zé fez de tão extraordinário?

Nada mais que orquestrar um investimento internacional de larga monta no Maranhão através de sua articulação com os setores técnicos do governo Temer, nos quais é recebido ate hoje com grande respeito profissional, principalmente nos Ministérios de Minas e Energia e Transportes (sobretudo Secretaria de Portos).

Com essa entrada privilegiada, reabriu negociações que estavam paralisadas desde o governo Lula entre Brasil, Irã e Índia para construção de uma refinaria de petróleo e de uma planta petroquímica em um dos estados mais pobres do País.

O Maranhão – governo Flavio Dino – propõe ceder para o projeto os mais de 2.000 hectares onde a obra da refinaria Premium I da Petrobras foi paralisada em 2015, segundo um funcionário do governo estadual.

A região já possui um porto de águas profundas para navios-tanque, e sua localização facilita acesso ao Pacífico e à Ásia por meio do Canal do Panamá.

Embora possua grande reserva de petróleo, o Brasil carece de capacidade de refino.

O projeto poderia ajudar o país a ser menos dependente das importações de combustível refinado e alavancar a economia local.´Exigiria investimento de pelo menos R$ 8 bilhões.

Tudo isso gira em torno de José Reinaldo Tavares, que esteve recentemente em Teerã e Nova Délhi como membro de uma delegação oficial do Maranhão.

Autoridades iranianas do setor petroleiro visitaram duas vezes o local, situado no município de Bacabeira, disse uma autoridade local do Maranhão. Mohammad Ali Ghanezadeh, embaixador do Irã no Brasil, disse que seu governo está “muito interessado” e “disposto a colocar dinheiro e energia” no projeto.

Acrescentou que o principal obstáculo para o acordo são as sanções bancárias dos EUA que permanecem em vigor apesar do histórico acordo nuclear assinado com as grandes potências em 2015.

A Engineers India Ltd, empresa engenharia com sede em Nova Délhi, está participando das discussões, mas seu envolvimento dependerá das condições de financiamento, segundo pessoas familiarizadas com as conversas na Índia e no Brasil.

Eis o tamanho da contribuição que o nosso discreto Zé presta ao Brasil e ao Maranhão em especial.

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