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Frutos do mar

Escolha aí! Ou segura a gula ou vai de antialérgicos

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Hyndara Freitas

Camarão, siri, lagosta… Comuns principalmente nas regiões litorâneas, o consumo de frutos do mar aumentam na época do verão e é apreciado por muita gente. Entretanto, é importante ficar atento a possíveis reações alérgicas, afinal, os frutos estão entre os alimentos que mais causam alergia.

“Alergia é desenvolvida. O que muda é que algumas pessoas têm maior facilidade de ter alergia, o que vem desde o nascimento. Quem tem asma, rinite, por exemplo, tem mais propensão a ter alergias a alguns alimentos, mas qualquer pessoa pode desenvolver”, explica a imunopatologista Elaine Gagete Miranda da Silva, da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

Os frutos do mar são divididos em dois tipos. O primeiro inclui moluscos, ostras e lulas. No segundo estão os crustáceos (camarão, caranguejo, lagosta e lagostim). Normalmente, pessoas alérgicas a um crustáceo também são alérgicas aos outros, e o mesmo vale para a família dos moluscos. Mas, quando se trata de alergia, cada caso deve ser avaliado particularmente.

“Com testes para vários tipos de alimento e exames de sangue, é possível ter um diagnóstico preciso. A primeira pergunta de uma pessoa alérgica a camarão, por exemplo, é se ela pode comer outros frutos do mar ou peixe, e, para isso, é importante analisar aquele paciente específico, fazer o teste, porque às vezes, para ele, não é do mesmo jeito que para os demais. Há pacientes, por exemplo, que são alérgicos a camarão, mas que podem comer carne de siri”, diz a especialista.

É importante destacar que ter comido várias vezes um fruto do mar e ter ficado tudo bem não é garantia de que a pessoa não seja alérgica, já que essa condição pode ser desenvolvida ao longo da vida. Na maioria das vezes, o corpo dá sinais antes de ocorrer uma anafilaxia, uma doença grave que pode desencadear desde inchaços, falta de ar, cólicas, vômitos, diarreias a hipotensão e choque, podendo levar a morte em questão de minutos

Segundo a médica, geralmente após a crise a pessoa fala que já havia sentido a língua coçando, espirros e alguma sensação estranha na garganta após comer um crustáceo, por exemplo, mas havia ignorado. “As pessoas não valorizam isso e continuam comendo. Se tem esses sinais, já deve procurar um alergista e tratar com antialérgicos ainda na fase de desenvolvimento”, aconselha.

Para evitar anafilaxia é preciso alguns cuidados além de apenas não consumir o produto que causa a alergia. Em restaurantes, por exemplo, deve-se redobrar o cuidado, principalmente nos self-services, pois há muita contaminação cruzada – por exemplo, um arroz mexido com a mesma colher do camarão. Além disso, é recomendado ler rótulos de todos os produtos para saber se nos ingredientes não há traços das substância alergênicas.

Se o quadro clínico já estiver evoluído e a pessoa tiver uma crise anafilática, deve-se aplicar adrenalina injetável o mais rápido possível sempre via intramuscular. O indicado é aplicar no músculo da coxa. O ideal seria que as pessoas cientes de suas alergias sempre tivessem a adrenalina autoinjetável consigo. O problema é que a droga não é produzida no Brasil, tem origem estrangeira e, consequentemente, alto custo, o que obriga o alérgico a procurar um hospital.

“Há ampolas de adrenalina em todos os hospitais, mas elas só podem ser aplicadas por um médico ou enfermeiro, porque as ampolas têm de ser abertas, depois o profissional tem que calcular a quantidade, depois colocar numa seringa e aplicar. Quem não é familiarizado em aplicar injeção não consegue. Por isso seria importante ter a ampola autoinjetável disponível aqui no Brasil”, diz Elaine.

A especialista compara a adrenalina autoinjetável para um alérgico a um aplicador de insulina para um diabético. “Imagine se um diabético não tivesse o aplicador de insulina e se ele tivesse que pegar uma ampola com o remédio, tirar da ampola, aplicar na seringa? Seria muito mais devagar e mais difícil conter uma crise. Nós [a ASBAI] estamos numa luta para que algum produtor se interesse em trazer isso para o Brasil. Mas é um processo longo e, por enquanto, a gente aconselha a importar. Infelizmente, é um alto custo e um drama para quem não consegue”, lamenta a médica.

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