Relógio interior
Há hora para tudo, inclusive para levar puxão de orelhas
Publicado
emAndrea Pavlovitsch
Minha mãe sempre me disse temos hora pra tudo, menina. Se ela soubesse como me irritava com essa frase não a teria repetido tantas vezes. Mas aí a gente cresce, vira gente grande e comprova: de fato, cada coisa tem o seu tempo.
O que a minha mãe não me dizia é que tinha lugar também. Acredito que na cabeça dela até tivesse essa ideia, mas não cabia no ditado. Então quer dizer que as coisas têm hora e lugar? Sim, respondem os anjos, os auxiliares dessa arquitetura maravilhosa que é o Universo.
Nos filmes isso fica bem claro. Com o tempo, vão se juntando as informações e a história, o enredo se fecha. O amor entre os protagonistas, o assassinato de alguém, o assassino e, no final, alguém acaba contando a parte da história que ninguém viu chorando com uma arma na mão, no momento mais dramático. Ali as coisas se
“O difícil é entender o enredo da história enquanto ela acontece. E com isso, como cometemos injustiças… esclarecem de uma maneira aterradora.
Tudo fica claro e o telespectador fica sentado na poltrona se perguntando: como é que eu não vi isso antes?
É, assistir de fora é fácil. O difícil é entender o enredo da história enquanto ela acontece. E com isso, como cometemos injustiças. Juramos coisas, julgamos pessoas e situações mesmo sabendo só uma parte, uma ínfima parte da história que, às vezes, não tem nada a ver com o final feliz ou infeliz.
Fazemos isso do alto da nossa onipotência infantil. Lembra-se de quando você tinha três ou quatro anos e jurava que só existia você no mundo e que, logicamente, essa era A Verdade? Você via tudo de baixo e ainda assim se jogava no chão do supermercado querendo um brinquedo que a sua mãe não poderia nunca te comprar. Pois é, carregamos essa onipotência pela vida afora.
Julgamos com uma facilidade incrível. Carregamos um juiz inquisidor dentro de nossas mentes o tempo todo.
Isso é um perigo! Um perigo para nós e para as pessoas que nos cercam. Um perigo até para a nossa evolução.
Mas, todos cometem erros. E como cometemos! Estamos aqui, nesse mundo de treino, exatamente para isso. E, um dia, percebemos que o Universo é como um grande projeto arquitetônico cada pedaço com a sua função, e cada função sendo necessária para o próximo passo. E quando nos damos conta disso é lindo. É como se um grande quebra-cabeça se fechasse e renovasse a nossa fé no Humano e no Divino.
Assim, antes de fazer o seu próximo julgamento, apenas abra a sua mente. Pense nas possibilidades infinitas que as coisas apresentam. Não é porque uma coisa aconteceu assim em uma ocasião que deverá acontecer sempre.
O Universo tem sempre uma carta na manga que, definitivamente, nós não conhecemos. E essa ignorância, essa doce ignorância, é o que nos faz crescer como pessoas. Apenas olhe em volta e pense que isso deve ter uma explicação que talvez você nem possa ter acesso. Confiança de que tudo está sempre certo é a chave para a nossa evolução. E tudo está sempre certo! Pode confiar.