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Mãos à obra

Brasil, um País de folia que tem 14 meses por ano

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José Henrique Bravo Alves

A antiga sensação de que o ano brasileiro começa de verdade somente após o carnaval está mais viva do que nunca na percepção dos empresários. A despeito das tentativas do governo de colocar a economia nos trilhos e adotar algumas medidas há muito reclamadas pela sociedade, como a busca de equilíbrio fiscal e as reformas trabalhista e previdenciária, o nível de atividade parece não reagir.

É como se 2016, quando a crise bateu no fundo do poço, o desemprego quebrou recordes e os negócios ficaram estagnados, realmente não tivesse terminado em 31 de dezembro último. A letargia persiste. O fechamento de contratos é pífio e todas as decisões de compra no universo corporativo são postergadas. Por isso, é forte o sentimento de que nosso ano novo começará somente em março, mais precisamente às 13 horas do dia primeiro, quando as empresas reabrem e as pessoas voltam ao trabalho depois do longo feriado do rei Momo.

A mais grave consequência de 2017 ainda não ter começado é que, na prática, por consequência, o terrível 2016 ainda não acabou. O Brasil segue o mesmo ritmo modorrento, despertando certo ceticismo no empresariado quanto à capacidade de reação. Com certeza, o ano passado, que insiste em não terminar, continua sua recessiva trajetória, constituindo-se em um dos mais difíceis momentos de toda a história econômica de nosso país.

Por isso, é de se esperar que, após o desfile da última escola de samba e o retorno ao trabalho do derradeiro folião, possamos, finalmente, comemorar a passagem do ano, saudando 2017 com força, energia e novo ânimo. Mais do que nunca, ao invés de reclamar de nosso tardio Réveillon, é preciso acreditar que, terminado o Carnaval, o Brasil realmente inicie um processo consistente de retomada do crescimento, dos investimentos e da geração de empregos.

Acreditar nessas perspectivas é fundamental para redespertar o ânimo dos empresários. Muitos venceram o ceticismo e se prepararam com vistas a uma retomada econômica do ano novo. É o caso de nossa empresa, que investiu R$ 45 milhões na compra de novos equipamentos, dentre eles quatro guindastes de grande porte e última geração, cujos modelos são inéditos no País. Assim, que venha o ano novo depois do Carnaval!

Esses 14 meses de 2016, o ano mais longo de nossa história, haverão de terminar, deixando amargas lembranças para os brasileiros, mas também algumas lições importantes, que precisam ser assimiladas. Nosso país parece ter dificuldade de aprender com os erros do passado, repetindo equívocos que acabam custando muito caro para as empresas, os trabalhadores e a sociedade como um todo.

Esperamos que, nesta quarta-feira de cinzas com jeito de ano novo, floresça um novo tempo de mais transparência e ética na política, lucidez na gestão da economia e credibilidade Esses são elementos essenciais para vencermos a crise e ingressarmos em um fluxo duradouro de crescimento sustentado.

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