Agnelo usou 1 bilhão 600 mi da Terracap para colocar o Mané de pé
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emO Estádio Mané Garrincha, que já custou 1 bilhão 600 milhões de reais aos cofres do Palácio do Buriti, foi pago graças à venda de terras públicas pela Terracap. A informação é da Agência Pública, inserida em uma ampla reportagem sobre os valores gastos com a construção das arenas que sediarão os jogos da Copa da Fifa, que terá início nesta quinta-feira 12.
A capacidade de público do Mané Garrincha é de 72 mil 800 pessoas, superado apenas pelo Maracanã, que pode receber seis mil torcedores a mais. O estádio foi concebido originalmente no governo de José Roberto Arruda para abrigar um público total de 45 mil 200 pessoas. Mas, apesar de Brasília não ter tradição no futebol, o governador Agnelo Queiroz preferiu erguer um monumento mais majestoso.
Esses gastos, segundo avalia a deputada distrital Celina Leão (PDT) podem ser definidos como a principal razão da situação pré-falimentar da Terracap. A estatal que cuida das terras públicas de Brasília acaba de perder seu presidente Abdon Henrique, que vai cuidar das finanças da campanha de reeleição de Agnelo.
A polêmica construção do Mané Garrincha também preocupa a deputada Eliana Pedrosa (PPS), pré-candidata ao Palácio do Buriti. Segundo ela, a falta de gestão e compromisso do governo fizeram da arena a mais cara do Brasil e a que mais dá problemas.
“Os gastos exorbitantes não garantiram a qualidade da obra. Goteiras foram percebidas em sua cobertura sete meses após sua inauguração. O péssimo acabamento não justifica a quantia gasta. E agora a falta de água é um temor para a Copa. O cidadão precisa saber disso”, afirmou a parlamentar, numa referência a uma ligação emergencial da Caesb para abastecer a arena, pois se esqueceram de avisar que nada funciona sem água.
Muita gente não entende como o governador Agnelo Queiroz vai justificar no futuro o dinheiro pago para erguer o Mané Garrincha. Mesmo porque, o estádio vai receber um máximo de sete jogos da Copa do Mundo. O primeiro será entre Suíça e Equador (dia 15), seguindo-se Colômbia e Costa do Marfim (19) e Brasil e Camarões, no dia 23. As partidas seguintes serão três da segunda fase e a disputa do terceiro lugar.
Os gastos com o Mané Garrincha podem ser investigados por uma Comissão Parlamentar de Inquérito a ser criada logo após os jogos. Se não surgir no âmbito da Câmara Legislativa, a CPI será sugerida no Congresso Nacional, segundo avaliam opositores de Agnelo Queiroz.
Na eventualidade de a CPI ser instalada, deverão ser ouvidos, além do próprio governador, o secretário da Copa Cláudio Monteiro e Abdon Henrique. O ex-presidente da Terracap já é investigado pelo Ministério Público de Alagoas por uma operação supostamente irregular que deu um prejuízo de 20 milhões de reais ao Detran alagoano.
José Seabra