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Rússia

Cratera gigante mostra como a Terra era há 200 mil anos

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Carolina Paiva, Edição

Um buraco de 1 quilômetro de extensão e 85 metros de profundidade não para de crescer em uma remota região da Rússia e é chamado de “porta para o inferno” por pessoas que vivem na região, que preferem evitá-lo.

Mas cientistas asseguram que se trata de uma cratera única, um registro detalhado de 200 mil anos de história da Terra.

Batagaika, a gigantesca cratera, emerge de forma dramática na floresta boreal da Sibéria à medida que o permafrost – tipo de solo que está sempre congelado – derrete como efeito do aquecimento global.

A cratera tem crescido na média de 10 metros por ano. Mas em anos mais quentes, esse aumento chegou a 30 metros, conforme indicou estudo do Instituto Alfred Wegener em Potsdam, na Alemanha. A instituição vem monitorando o buraco há uma década.

A cratera representa uma rara oportunidade de observar, ao mesmo tempo, o passado, o presente e o futuro. As camadas de sedimento expostas revelam como era o clima na região há 200 mil anos. Resquícios de árvores, pólen e animais indicam que, no passado, a área foi uma densa floresta.

Esse registro geológico pode ajudar a compreender como será, no futuro, a adaptação da região ao aquecimento global. E, ao mesmo tempo, o crescimento acelerado da cratera é um indicador imediato do impacto cada vez maior das mudanças climáticas no degelo do permafrost.

A cratera apareceu na década de 60, de acordo com Julian Murton, professor da Universidade de Sussex, na Inglaterra. O rápido desmatamento na região deixou o terreno sem a proteção das sombras das árvores nos meses de verão. Assim, os raios de sol aqueceram o solo e aceleraram o processo de degelo, uma vez que era a vegetação que mantinha o solo resfriado.

“Esta combinação de menos sombra e transpiração levou a um aquecimento da superfície”, explica Murton em entrevista à BBC. Com o derretimento do permafrost, é possível que venham a surgir mais crateras como também lagos e bacias hidrográficas.

Para o professor, “à medida que o gelo derrete em novas profundidades, podemos ver o surgimento de paisagens novas”.

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