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Grilagem em Brasília

Altiplano, futura Vieira Souto, vira território sem lei

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Nair Assad

Há áreas em Brasília onde o preço do metro quadrado se compara às avenidas Vieira Souto, no Rio, e Paulista, em São Paulo. São trechos dos lagos Sul e Norte, Setor de Autarquias, Sudoeste e Noroeste. Mas há um nicho que começa a ser desbravado a ferro, fogo e na marra. É a região conhecida como Altiplano Leste. Quem mora lá é gente de bem. Porém, tem um grupo do mal que atua com desenvoltura para encher ainda mais suas gordas contas bancárias.

A Terracap, a quem se atribui a responsabilidade de bem cuidar das terras de Brasília, ainda tenta colocar ordem na casa. A Agefis, que fiscaliza e supostamente coíbe as coisas fora da lei, vez por outra dá um rasante na região. Mas fica tudo por isso mesmo.

– Há forças ocultas atuando nos bastidores, admitem velhos moradores da região, distribuídos numa população estimada em 25 mil pessoas. “E é contra elas que vamos combater”.

Nome conhecido – A terra é alvo de grilagem. Os grileiros que constituíram grandes condomínios que cercam o Altiplano, agora agem de maneira diferente. Quando não invadem, compram chácaras de 20 mil metros quadrados. Abrem uma via de um extremo a outro da área, e dividem as partes paralelas em lotes de 500 metros quadrados. É um negócio lucrativo. Mas ilegal.

Políticos poderosos estão por trás dessas ‘forças ocultas’. É comum vir à tona, no local, o nome de Pedro Passos, ex-deputado distrital que tem tentáculos em muitas áreas dos poderes Executivo e Legislativo. Ele infiltra gente em postos-chave. E a farra com a terra não para.

Um dos últimos movimentos para acobertar os grileiros foi a tentativa de criação, à revelia da comunidade, do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Altiplano e São Bartolomeu. A ideia era enfiar goela abaixo uma estrutura com nomes de pessoas suspeitas. Um figurino pré-moldado pelos grileiros. A gota d’água foi a apresentação de um testa de ferro de Pedro Passos como o presidente do órgão.

Segurança de mentirinha – Na sexta-feira pré-carnavalesca, dia 24, moradores das chácaras (que produzem muito do que Brasília consome) e de condomínios em fase de regularização, soltaram o verbo. A injustiça que estava sendo desenhada não poderia prevalecer. A conclusão foi lógica: exigir da Secretaria de Segurança Pública e Paz Social, uma consulta envolvendo toda a comunidade sobre a conveniência da criação de um Conseg para a região.

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É verdade que o Altiplano, que pode ser identificado como a pós-área da principal artéria que corta o Lago Sul, não é nenhum paraíso em termos de segurança. Tanto, que há relato de focos de tráfico de drogas em áreas abandonadas, além de furtos de bens duráveis – como geladeiras e televisores – quando os proprietários deixam suas casas para irem ao Plano Piloto, trabalhar.

Mas violência, em si, não existe. O índice de criminalidade é o mais baixo de todo o Distrito Federal. E é pela manutenção desse suposto mar de tranquilidade, que condôminos e chacareiros preferem ter a segurança do Conseg do Paranoá, que sempre disponibilizou um Batalhão Rural para a região, e do Conseg do Jardim Botânico, que bem ou mal, atende a área urbana do Altiplano e de São Bartolomeu.

O certo é que a comunidade está em pé de guerra com as ‘forças ocultas’ que pretendem tomar a região de assalto. Moradores de condomínios e chacareiros bateram à porta de Márcia Alencar, secretária de Segurança, e ouviram dela que nada será feito com açodamento. Menos mal, disseram os defensores do Altiplano, aliviados.

Mas a história é longa. E Notibras mostrará aos seus leitores, em outras reportagens, quem representa essas ‘forças ocultas’ e o que está por trás de tudo isso.

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