Saúde em Brasília
Nazaré relata drama da filha e sai em busca de um milagre
Publicado
emBartô Granja e Josiel Ferreira
Quando se fala em Nazaré, automaticamente nos transportamos para a antiguidade, para a cidade onde, na versão da Bíblia, nasceu Maria, mãe de Jesus, e onde Cristo viveu boa parte da sua vida.
Mas Nazaré também pode ser sinônimo de dores de cabeça. É quando quem assim é batizado e registrado, involuntariamente come o pão que o Diabo amassou ou entra no mato sem cachorro.
Só assim para definir o drama vivido pela brasiliense Mari Nazaré, uma trabalhadora que desde a sexta-feira, 31, vive na rede pública de saúde uma verdadeira odisseia em busca de atendimento médico para a sua filha de 10 anos.
Residente em Santa Maria, Mari postou um angustiado apelo em sua página do Facebook, no início da noite de sexta, pedindo que mães indicassem a ela onde conseguir atendimento emergencial para a filha.
O relato dela é dramático. Há dois dias minha filha este com diarreia, febre acima de 38 graus, rosto, pés e mãos amarelados. E não consigo atendimento em nenhum hospital da rede pública, desabafa Mari.
Em contato com Notibras, a mulher lembra que foi feita de bola de pingue-pongue por onde passou. O martírio dela se estendeu durante todo o sábado. Passava das 22 horas do dia 1, quando Mari Nazaré conversou com nossa reportagem pelo aplicativo WhatsApp.
Veja trechos da conversa – Mais uma vez não fomos atendidas. Hoje chegamos lá (no Hospital de Taguatinga) às 9h e até as 18, nada de socorro. A informação era de que o atendimento estava restrito aos casos de classificação vermelha e amarela. E ela (a classificação da filha) é verde.
Cansada, Mari questionou o pessoal da recepção. Sem atenção médica, para onde levar a filha? Ela engoliu a resposta a seco: “Aqui não tem como. A pediatria está sem profissional”.
Ainda segundo Mari Nazaré, por onde ela passou (citou Gama, Ceilândia e Guará, além do Hospital Universitário de Brasília), havia superlotação. O argumento utilizado pelos servidores da saúde foi o de que havia paciente internado até em consultório.
Esperando um milagre – Neste domingo, 2, Nazaré retoma a sua odisseia. Sustenta que não pode pagar uma consulta particular (lhe cobraram 250 reais), porque não sobraria dinheiro para a eventual medicação.
Sai em busca de um milagre. Quem sabe a tão sonhada reforma igualitária, que Jesus pregava, mas que o governador Rodrigo Rollemberg, que se diz cristão, parece desconhecer.