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Teoria do apocalipse

Guerra química, vírus… Você está pronto para o pior?

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George Dvorsky

Especialistas dizem que não é questão de se, mas quando uma pandemia em escala global irá matar milhões de pessoas. E nós estamos muito mal preparados para o próximo grande surto. Mas, no caso de uma pandemia devastadora, seja ela causada por uma estirpe mutante de um vírus existente ou por uma arma de terror da bioengenharia, existem algumas coisas práticas que você pode fazer, tanto antes do surto quanto depois, para aumentar suas chances de sobrevivência.

Através da história, os patógenos mataram inúmeros humanos. Durante o século XX, aconteceram três surtos em escala global de influenza, o pior deles matou algo entre 50 milhões e 100 milhões de pessoas. O vírus do HIV, que virou uma pandemia nos anos 1980, infectou cerca de 70 milhões de pessoas, matando 35 milhões.

Diversos novos vírus surgiram desde então, incluindo SARS, MERS, Ebola e, mais recentemente, o Zika. Também existe o potencial sombrio de alguém fazer um patógeno em laboratório. Avanços no sequenciamento de genes e tecnologias de edição de genes estão tornando esses cenários de pesadelo possíveis. De acordo com a fundação Bill and Melinda Gates, essa forma de bioterrorismo poderia matar 30 milhões de pessoas em menos de um ano.

Ao mesmo tempo, a nossa sociedade está caminhando para um desastre em escala global. Doenças, especialmente as de origem tropical, estão se espalhando mais rápido do que nunca, graças às viagens de longa distância, à urbanização, à falta de saneamento e controle ineficiente do mosquito, sem mencionar o aquecimento global e o aumento de doenças tropicais fora da região equatorial. Consequentemente, o Global Priorities Project, da Universidade de Oxford listou uma futura pandemia como uma das ameaças mais catastróficas que a humanidade está encarando.

Gripe destrutiva – É difícil saber exatamente quando uma pandemia viral aconteceria, mas, já que estamos aqui, vamos presumir que será provavelmente uma doença similar à influenza. Diferentemente de doenças que se espalham através de fluidos corporais ou mosquitos, a influenza é uma doença respiratória que se espalha pelo ar (tossindo e espirrando). Isso a torna bem mais contagiosa e muito mais perigosa.

Além do mais, sabemos que um vírus da gripe se modifica facilmente, é mortal em alguns casos e, podendo se espalhar antes dos sintomas aparecerem, é bem capaz de alcançar níveis pandêmicos de contaminação. Também é uma estirpe contra a qual a maioria das pessoas não tem imunidade ou resistências. Sob qualquer ponto de vista, a gripe, seja uma estirpe nascida do H5N1, H1N1, ou H7N9, é um candidato legítimo para o próximo surto de escala global.

Esperando o pior – A US Federal Emergency Management Agency (FEMA) recomenda que você estoque um suprimento de água e comida de duas semanas, mas dado que a primeira onda de uma pandemia pode ser consideravelmente mais longa do que isso (alguns surtos duram anos), seria sábio estocar para pelo menos quatro ou seis semanas.

Tenha certeza de que você tem comida não-perecível estocada que não precise ser refrigerada, preparada ou cozida. Tenha um estoque de duas a quatro semanas de água em contêineres de plástico limpos. Uma boa regra geral é guardar quatro litros de água por pessoa por dia, o que seria necessário tanto para beber, preparar comida e para o saneamento.

Stephen Redd, diretor do Office of Public Health Preparedness and Response (PHPR) no Centers for Disease Control and Prevention (CDC), disse ao Gizmodo que é importante considerar a estação do ano e estocar itens como casacos e rádios operados a bateria juntos com um estoque de remédios que você precisaria tomar.

De acordo com o epidemiologista Mark Smolinski, diretor da Global Health Threats na US NGO Skoll Global Threats, você pode querer considerar estocar medicamentos antivirais, drogas que podem ser usadas para tratar resfriados, apesar de ele chamar atenção ao fato de que essas drogas perdem a efetividade com o tempo.

Alimentos seriam disputados a tapas durante saques

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Além de estocar remédios de prescrição, a FEMA recomenda drogas sem prescrição e outros suprimentos de saúde, incluindo kits de primeiros socorros padrão, analgésicos, remédios para o estômago e remédios para resfriado. A FEMA diz que você deve conseguir cópias de seus registros médicos do seu médico, hospital, farmácia e outras fontes e deixá-los prontos como referência pessoal. Se você está nos Estados Unidos, o Health and Human Services disponibiliza uma ferramenta online para ajudá-lo a fazer isso.

Você também deve tomar as últimas vacinas sazonais. Elas podem proteger você de uma estirpe alterada, mas isso também é apenas uma possibilidade.

Máscaras à mão – Caixas eletrônicos provavelmente seriam desligados ou ficariam sem dinheiro, então você deve ter uma pequena quantidade de dinheiro em mãos. Prepare-se para a paralisação de ônibus e metrôs, além de possíveis faltas de combustível. Faça estoques em avanço. Famílias devem também fazer um plano para cuidar das crianças que vão ficar em casa sem escolas ou creches, já que esses lugares provavelmente fechariam em um surto.

Tanto Smolinski quanto Redd dizem que é uma boa ideia ter máscaras à mão para prevenir a disseminação de doenças. Uma máscara padrão serve, mas um respirador N95, que bloqueia mais de 95% das partículas pequenas no ar, é melhor.

Se você for vestir uma máscara nº 95 e for um homem, talvez você queira estocar lâminas e creme de barbear, porque ela não funciona muito bem com pelos faciais. Quanto aos trajes antirrisco biológico, isso talvez seja demais. São necessários treinamento e uma adesão rigorosa a protocolos para usá-los apropriadamente, e maioria das pessoas provavelmente não terá a paciência ou o know-how para usá-los durante uma crise.

Colapso da sociedade – Certo, então você está preparado para a pandemia. Mas o que você deve fazer quando chegar o surto?

“É exatamente com isso que trabalhamos no CDC todos os dias, nos preparando para um evento não previsto que pode soterrar o sistema de saúde”, Redd disse ao Gizmodo.

Redd explicou que uma característica comum das epidemias é que a desinformação corre solta durante os primeiros dias, então duvide das informações que você receber durante essa época. “No começo de qualquer epidemia, muitas das coisas que achamos ser verdade não são realmente”, ele disse.

O próximo passo mais importante, diz Redd, é aprender o que há de específico ou de eventos e tomar as atitudes necessárias para nos protegermos. Por exemplo, se existe uma grande exposição ao anthrax, seria interessante evitar a área onde ocorreu a exposição. E, para doenças contagiosas, é uma boa ideia aprender como ela se prolifera, como reconhecer os sintomas específicos e evitar lugares onde você provavelmente seria exposto a ela, como escolas, aeroportos e centros de saúde (se você puder evitá-los). Dada a forma como os vírus se espalhas, particularmente o influenza, Redd propõe que escolas e creches sejam fechadas de qualquer forma.

Mas mesmo que os indivíduos tomem precauções contra a pandemia, não existem garantias de que a desinformação e o medo não causem pânico nas comunidades.

“É o potencial para inquietação social que realmente me assusta”, Smolinski disse ao Gizmodo. “Eu me preocupo que a inquietação social seja bem pior do que a doença em si.”

Da ficção para a realidade, mundo vive sob constantes ameaças

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Super-contaminador – No caso de uma pandemia, é importante pensar no que devemos fazer para evitar ficar doente. Mas, como tanto Smolinski quanto Redd apontaram, nós também precisamos pensar o que devemos fazer se formos contaminados.

“O auto isolamento voluntário é uma intervenção muito importante”, disse Redd. De acordo com as recomendações da CDC, membros da família que tenham um doente entre eles provavelmente serão solicitados a ficarem de quarentena voluntariamente. “Então isso quer dizer que, se a minha esposa ficar doente, eu ficaria em casa e cuidaria dela e não colocaria os outros em risco quando eu posso estar com a doença incubada”, Redd disse ao Gizmodo.

Essencialmente, você quer evitar virar o chamado “super contaminador”. Tipicamente durante epidemias, uma minoria incrivelmente pequena da população é responsável por contaminar as pessoas. Durante a epidemia de ebola, por exemplo, apenas 3% dos doentes foram responsáveis por 61% de todos os contágios. O nosso conselho: faça a coisa certa e não se torne um super contaminador.

Sobre esse assunto, pode existir uma vontade imensa de ficar dentro de casa o tempo inteiro. Mas, como Redd nos disse, entrar no isolamento total provavelmente é um exagero.

“Eu não acho que exista uma situação onde recomendaríamos que você se bloqueie do mundo na sua casa”, disse Redd. “Não parece o tipo de coisa que seria sustentável durante um longo período.”

Smolinski, conselheiro técnico do filme Contágio, de 2011, não tem tanta certeza, dizendo que pode ser inteligente se preparar para deixar sua casa mais segura.

Ordem é sobreviver – Independentemente da sua estratégia de sobrevivência, você deve praticar o que o CDC chama de “intervenções não farmacêuticas“, ou NPIs na sigla em inglês, que são ações de senso comum não médicas que podem ajudar a desacelerar a disseminação de uma gripe pandêmica antes de uma vacina ser desenvolvida.

Além de ficar em casa longe das pessoas doentes (e ficar em casa se você estiver doente), a FEMA recomenda ações simples, como lavar as suas mãos regularmente e cobrir a sua boca quando você espirra ou tosse.

Para as comunidades, outras NPIs podem incluir o fechamento temporário de escolas, tornando políticas de atestados médicos mais flexíveis para permitir que os trabalhadores fiquem em casa, e postergar ou cancelar grandes encontros de pessoas, como eventos de esporte, shows, festivais.

É difícil saber quanto tempo um surto vai durar enquanto ele está acontecendo, e, dependendo da natureza da doença, ele pode voltar em diversas ocorrências, conhecidas como ondas. No cenário mais otimista, uma vacina ou tratamento será desenvolvido para a doença, mas não existe garantia. É completamente possível que a doença continue solta, permanecendo como um desafio durante anos. Como a HIV/AIDS e tantas outras doenças, pode virar uma nova parte de nossas vidas.

Como nota final, Redd disse que sérias epidemias de influenza são raras, mas nós temos surtos de gripe todos os anos.

“Isso nos providencia uma ótima oportunidade para treinar muitas das coisas que precisaríamos fazer durante uma pandemia de influenza, como tomar vacinas, lavar as mãos, cobrir as tosses e todas aquelas outras coisas que fazem parte da nossa resposta anual para a gripe sazonal, que também seriam apropriadas para uma pandemia de maior escala”.

Não existe garantia de que essas dicas ajudem você a sobreviver a uma pandemia catastrófica, mas certamente não irão atrapalhar. E, quem sabe, você pode até sobreviver a isso tudo, o que quer que isso tudo seja.

Enquanto isso, é importante nós entendermos a possibilidade de uma pandemia em escala global e nos prepararmos de acordo. De outra forma, vamos ser pegos de surpresa. “Nós precisamos ter essas conversas”, disse Smolinski, “O que aconteceria, por exemplo, se metade da comunidade de repente ficasse doente? E o que nós vamos fazer com todos esses cadáveres quando estiver 38º C lá fora? Nós precisamos ter essa conversa antes da hora”.

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