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Solzinho na praia

Briga de primeiras-damas gera crise social no Poder

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José Escarlate

Um segredo de Estado para ser revelado. Tudo começou por volta de junho de 1982. Amigos desde os tempos de caserna, João Figueiredo e Aimé Lamaison tornaram-se unha e carne em Brasília. Lamaison foi feito governador do DF. Os dois, com as esposas, Dulce e Zely, tinham encontros frequentes, do tipo “amigos para toda a vida”.

A coisa porém encardiu quando Figueiredo sofreu o enfarte, no Rio. Dona Dulce ficara em Brasília e almoçava na Granja do Torto com as inseparáveis amigas Ieda Gay e Lea Leal, a Leinha. Aimée e Zely Lamaison curtiam as praias de areia negra radioativa de Guarapari.

Zely ouvira no rádio a notícia do enfarte. Ligou para Brasília para confirmar a notícia. Como o telefone do Torto estivesse ocupado, ela julgou que era sinal de normalidade.

No dia seguinte, confirmada a doença, Lamaison voou sozinho para o Rio. Dirigindo-se ao hospital, foi recebido por dona Dulce que logo indagou: “E a Zely?” Apanhado de surpresa, Lamaison respondeu: “Ficou na praia tomando um solzinho”.

Aí dona Dulce ferveu. Lamaison não conseguiu visitar o amigo. A versão corrente é de que ele teria sido barrado por um ajudante-de-ordens, a mando da primeira-dama.

O ambiente entre as duas já não era nada bom. Dona Dulce soubera, através de amigas, de comentários considerados impróprios feitos por Zely e sua filha, em diversas ocasiões, a respeito do comportamento da primeira-dama. Dona Dulce e Zely, ainda se encontraram num chá. na Granja, antes do Ano Novo.

Figueiredo continuava a fazer exercícios físicos ao lado de Lamaison, no Torto, mas Zely foi colocada na geladeira. O ambiente entre as duas azedou definitivamente.

Certo dia Aimé Lamaison recebeu um aviso de que não deveria frequentar com a mulher cerimônias públicas às quais comparecesse dona Dulce. Vacilante, mesmo assim decidiu continuar no cargo.

Em dezembro daquele ano o casal Figueiredo ofereceu jantar de fim de ano a seus colaboradores. O coronel Lamaison e sua mulher foram convidados. O governador acreditou que a tempestade havia passado.

A realidade logo veio à tona. O convite fora expedido por engano por um funcionário do cerimonial da presidência. A correção do engano foi pior ainda. Um funcionário do Planalto dirigiu-se ao gabinete de Lamaison , no Palácio do Burití, pedindo de volta o convite.

PV

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