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País em ebulição

FHC critica ‘nós contra eles’ e pede serenidade política

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Valmar Hupsel Filho e Ricardo Galhardo

Em um vídeo que será divulgado nesta terça-feira, 11, nas redes sociais, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso critica o antagonismo de “nós contra eles” na política, diz que o momento é de “serenar os ânimos” e prega a “aceitação do outro” em prol de melhorias para o Brasil. “O que nós precisamos é de mais aceitação do outro, mais tolerância e ver o que dá para fazer em conjunto pelo País”, diz ele no vídeo.

Mesmo pregando o diálogo, FHC diz que o PT é o responsável pela política do “nós contra eles”. E cita como consequência negativa o episódio em que o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) cuspiu no rosto do colega Jair Bolsonaro (PSC-SP).

“Veja no que deu essa tentativa no Brasil de jogar ‘nós contra eles’. Isso veio principalmente do pessoal do PT mas agora se generalizou”, diz. “Acho que chegou o momento no Brasil que nós precisamos, não é fazer um acordão de cúpula, mas serenar os ânimos e ver o que é que interessa a todos como um conjunto, como um país, um povo”. O assessor de FHC, Xico Graziano, disse que o vídeo foi motivado por cobranças que o ex-presidente recebeu nas redes sociais após afirmar que tanto Bolsonaro quanto Wyllys tinham “passado do limite” no episódio.

FHC, no entanto, gravou as declarações às vésperas de uma reunião inédita entre dirigentes do Instituto Fernando Henrique Cardoso e da Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do PT. A reunião será no dia 18 e irá discutir a pesquisa “Percepções e Valores Políticos nas Periferias de São Paulo”, segundo a qual para uma parcela significativa deste eleitorado não existe o conceito de luta de classes, o Estado é visto como inimigo e os únicos caminhos para subir na vida são o mérito e o esforço pessoais.

Diálogo – A abertura de um diálogo entre FHC e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é objeto de esforço de interlocutores em comum desde janeiro, quando o tucano fez uma visita de cortesia à ex-primeira-dama Marisa Letícia no hospital. A possibilidade de que a reaproximação seja vista como uma tentativa de “acordão de cúpulas”, porém, é um dos entraves para o diálogo.

“Vejo com bons olhos. Neste clima de terra arrasada não vai ter outro jeito. Temos que falar sobre o que é caixa 2, como financiar as campanhas, quais serão as regras da política”, disse Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula. “Mas tem que ficar bem claro desde o início que não é para abafar nada. Isso é um entrave que faz as pessoas desconfiarem”, completou.

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