Governo ameaçado
Friboi joga Temer e Aécio na lama da Operação Lava Jato
Publicado
emMarta Nobre
O presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, caíram na lama da Lava Jato. Os dois foram gravados por dirigentes da JBS – controladora do Frigorifico Friboi – em situações distintas.
Temer, incentivando o pagamento de uma mesada a Eduardo Cunha, para que mantivesse silêncio a partir da prisão onde se encontra, em Curitiba. Aécio, recebendo, via um cunhado, propina de dois milhões de reais.
A Polícia Federal gravou cenas, com autorização da Justiça. Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da Friboi, prestaram depoimentos diretamente ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
A notícia, divulgada pelo site do jornal O Globo na noite desta quarta-feira, 17, teve efeito de uma bomba em Brasília.
Veja trechos da reportagem, assinada por Lauro Jardim:
1. É uma delação como jamais foi feita na Lava-Jato: Nela, o presidente Michel Temer foi gravado em um diálogo embaraçoso. Diante de Joesley, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS).
2. Posteriormente, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley. Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: “Tem que manter isso, viu?”.
3. Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).
4. Joesley relatou também que Guido Mantega era o seu contato com o PT. Era com o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff que o dinheiro de propina era negociado para ser distribuído aos petistas e aliados. Mantega também operava os interesses da JBS no BNDES.
5. Joesley revelou também que pagou R$ 5 milhões para Eduardo Cunha após sua prisão, valor referente a um saldo de propina que o peemedebista tinha com ele. Disse ainda que devia R$ 20 milhões pela tramitação de lei sobre a desoneração tributária do setor de frango.