Manter isso, o quê?
Ouça. (Vai com cuidado; obstrução de Justiça…)
Publicado
emMarta Nobre
A famosa fita da gravação de uma conversa (segundo o presidente, clandestina) entre Michel Temer e o empresário Joesley Batista, dono da JBS (conglomerado que mantém a marca Friboi) tem muitos trechos inaudíveis.
Ao menos no que foi divulgado pelo Supremo Tribunal Federal, não fica claro se Temer, ao dizer “tem que manter isso”, se referia ao pagamento de uma mesada para que Eduardo Cunha ficasse em silêncio, ou se – e é nisso que os aliados do governo se sustentam -, o presidente alertava seu interlocutor para que mantenha isso, ou seja, medidas que não implicassem na obstrução da Justiça.
Em uma parte do trecho selecionado e transcrito por Notibras, ouve-se com clareza Temer dizer que foi fustigado por Eduardo Cunha, que “queria amedrontar”. O presidente acrescenta que não “fez nada” no Supremo (uma suposta ilação para tentar mexer com os pauzinhos em benefício do seu ex-aliado).
Na mesma gravação, Joesley admite que ‘comprou’ pessoas influentes no Poder, para se beneficiar.
Leia trechos degravados:
Temer
O Eduardo resolveu me fustigar. Você viu que… Eu não tenho nada a ver com a defesa. O Moro indeferiu 21 perguntas dele , eu não tenho nada a ver com a defesa dele. Era pra amedrontar. Eu não fiz nada [inaudível] no Supremo Tribunal Federal. [inaudível] Ele está aí, rapaz… É… [inaudível]
Joesley
Eu queria falar assim. Dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo, o que tinha de alguma pendência daqui para ali, zerou tudo. E ele foi firme em cima e já estava lá, veio, cobrou, tal, tal, tal. Pronto. Acelerei o passo e tirei da fila. [Inaudível] O outro menino, companheiro dele que tá aqui, né? [Inaudível] O Geddel sempre estava… [barulho] O Geddel é que andava sempre ali, mas o Geddel também, com esse negócio, eu perdi o contato porque ele virou investigado, agora eu não posso, também…eu não posso encontrar ele.
Temer
É, cuidado, vai com cuidado. [inaudível] Obstrução da Justiça [inaudível].
Joseley
Agora… o negócio dos vazamentos. O telefone lá [inaudível] com o Geddel, volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós, e não sei o que. Eu estou lá me defendendo. Como é que eu… o que é que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora. Eu tô de bem com o Eduardo, ok…
Temer
Tem que manter isso, viu… [Inaudível]
Joesley
Todo mês. Também. Eu estou segurando as pontas, estou indo. Esse processo, eu estou meio enrolado, assim, no processo [inaudível]…
Ouça o áudio: