007
Morra e deixe viver, o inverso no adeus de Roger Moore
Publicado
emUbiratan Brasi
Condecorado Sir pela rainha da Inglaterra, por suas ações humanitárias como embaixador da Unicef, Roger Moore tornou-se célebre por ter atuado sete vezes como James Bond, na série do famoso espião 007. O ator britânico morreu nesta terça-feira, 23, na Suíça, aos 89 anos. A notícia foi confirmada pelos filhos Deborah, Geoffrey e Christian em comunicado no Twitter oficial do pai.
Moore, que vivia na Suíça há muitos anos, morreu após uma curta batalha contra o câncer. Sua última aparição foi no Royal Festival Hall de Londres, em 2016.
Ele assumiu o papel de 007 que antes foi encenado por Sean Connery e, de forma modesta, por George Lazenby. Se Connery conferiu um tom de virilidade ao papel, Moore trouxe elegância e bom humor ao mais famoso agente secreto da rainha britânica. O primeiro foi em “Com 007 Viva e Deixe Morrer” (1973) e mostra o herói criado pelo escritor Ian Fleming combatendo um vilão que se dedica à magia negra.
O que faz de “Com 007 Viva e Deixe Morrer” um filme marcante da série é a “bondgirl”: Jane Seymour interpreta a delicada Solitaire. O nome não poderia ser mais sugestivo. A mocinha que atende pelo nome de Solitária é salva do ritual do vodu pelo herói. Há todo tipo de perseguição: de lancha, carro, avião. Há todo tipo de perigo: tubarões, cobras, armas sofisticadas. Mas é a mocinha quem encanta. Jane Seymour, como Solitaire, não é menos que admirável.
Também a canção título, “Live and Let Die”, tornou-se um dos hits de Paul McCartney. A canção fora regravada pelos grupos Guns N’ Roses e The Pretenders e ganhou uma indicação ao Oscar de melhor canção original.
O humor, no entanto, tornou-se cada vez mais acentuado, a ponto de alguns filmes serem marcados pelo exagero, como “Moonraker”, de 1979, que levou o título nacional de “007 Contra o Foguete da Morte”. O longa teve cenas rodadas no Rio de Janeiro, onde acontecem momentos impagáveis, como Bond lutando contra o vilão Dentes de Aço no alto do bondinho do Pão de Açúcar e, acreditem, ele caminha por uma lagoa infestada de jacarés utilizando os bichos como passagem.
O tom só se tornou mais sombrio e o humor, mais ponderado, em “007 Contra Octopussy” (1983). Moore abandonou o papel aos 58 anos, em 1985, com o filme “A View to a Kill”, sendo um dos atores mais velhos á interpretar James Bond.
Na televisão, Roger Moore ficou famoso também com o papel de Simon Templar na série britânica “O Santo”, entre 1962 e 1969, e como Brett Sinclair, em “The Persuaders!” (1971-72), série americana na qual montou uma dupla com Tony Curtis.
Foi durante a filmagem de “Octopussy” que Moore, ao observar a extrema pobreza da população indiana, tornou-se embaixador da Unicef, participando de eventos em todas as partes do mundo – veio ao Brasil, por exemplo. Por conta desse trabalho, foi nomeado Cavaleiro do Império Britânico em 1999.
Biografia – Roger George Moore nasceu em 14 de outubro de 1927, no subúrbio de Londres, em Stockwell, filho de um policial e de uma dona de casa e, apesar das constantes doenças, teve uma infância feliz.
“Até que me saí bem para um garoto de Stockwell, onde assistia maravilhado aos filmes no cinema, sem imaginar que, em algum dia, pertenceria a esse mundo mágico”, explicou ele, em sua autobiografia “My Word is My Bond”.
Iniciou a carreira como figurante nos anos 1940, antes de ingressar na Academia Real de Artes Dramáticas. Logo assinou contrato com os estúdios da Metro Goldwyn Mayer, mas, durante os anos 1950, limitou-se a papéis secundários.
Foi nos anos 1960 quando saltou para a fama ao viver Simon Templar, “O Santo”, na série televisiva britânica exibida em todo o mundo. Na década seguinte, estourou em “The Persuaders”.
Moore conta em sua autobiografia que foi primeiro contatado para viver James Bond em 1967, mas só assumiu o papel em 1973. Estava com 45 anos, dois anos e meio a mais que Sean Connery. “Não faço o estilo ‘assassino frio’, mas sei fazer rir”, disse, explicando o novo perfil assumido pelo agente secreto (a quem chamava de “Jimmy” Bond) com sua interpretação.