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Quarto Poder

Vênus Platinada provoca curto-circuito na Drácon

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José Seabra

Há uma semana, a grande mídia nacional – em cujo centro Notibras se inclui pela força natural da gravidade – entrou em conflito. Era o momento em que se discutia a autenticidade do áudio de uma conversa entre Michel Temer e Joesley Batista. Diferentes veículos ouviram diferentes peritos.

A conclusão foi a de que a gravação existe. Quanto a ter sido ou não adulterada, as manifestações se chocaram. O que se viu foi uma tomada de partido, com os meios de comunicação defendendo a tese do seu perito contratado. Deixaram para a opinião pública, assim, a confusão da troca de seis por meia dúzia.

Agora, a nível regional, parte da imprensa parece caminhar para um lado. Abandonaram nesta sexta, 26, a isenção que deveria ser a marca de quem faz jornalismo sem tentar influenciar decisões desse ou daquele Poder.

Foi o caso da Vênus Platinada. A Mesa Diretora da Câmara Legislativa resolveu, horas antes, arquivar o pedido de cassação dos mandatos dos deputados citados na Operação Drácon. Foram quatro votos pelo arquivamento, contra um voto favorável.

Raimundo Ribeiro, deputado distrital (PPS), um dos suspeitos nas investigações, diz ter assistido, surpreso, a emissora colocar no ar a frase (…) Raimundo Ribeiro avaliou como positivo o arquivamento (…).

As palavras do deputado, porém, foram outras. Literalmente, disse Raimundo Ribeiro, por meio da sua Assssoria de Imprensa: “Por iniciativa própria, o deputado Raimundo Ribeiro se declarou impedido de votar o item da pauta que tratava sobre a Drácon. Contudo, a decisão da Mesa confirma a decisão da Justiça”.

Como aconteceu na mídia virtual produzida a partir do eixo Riio-São Paulo, no caso dos peritos, em Brasília caminha-se para misturar as coisas, como se o ‘Quarto Poder’ estivesse acima dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

O tempo é curto, e urge. Porém, mais vale tirar do ar um anúncio calhau de folhetim novelesco, do que prejudicar, por inconsciente que seja, uma carreira política isenta. Ao menos até prova em contrário.

Equívocos existem. Foi por esse lado que Raimundo Ribeiro preferiu ver a condução da reportagem. Ele entende, contudo, que se errar é humano, persistir no erro é burrice. E esse erro, sustenta, aconteceu no momento em que seu pedido de retratação foi negado.

O parlamentar do PPS manifestou, em postagem nas redes sociais, ter confiança em seu trabalho e credibilidade da sociedade. Por fim, avalia Raimundo Ribeiro, a transparência, mesmo tendo um pouco de opacidade, mostrará quem é quem.

O caso dos peritos morreu. A Drácon, é verdade, não está morta. Mas, querer acordar fantasmas ao som de plimplins, pode espalhar manchas e criar nódoas em torno de pessoas acima de qualquer suspeita. Ao menos por enquanto.

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