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Gula

Seu filho come demais? Mude esse comportamento

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Luciana Kotaka

A princípio entendemos que fome é uma sensação no estômago que nos faz sentir um desconforto e queremos saciar ingerindo alimentos. Desde que nascemos somos alimentados sempre que sentimos essa necessidade, primeiramente com o leite materno e após alguns meses vamos experimentando o sabor dos alimentos doces e salgados.

A introdução da comida sempre pode variar de acordo com a história de desenvolvimento do bebê. Se a mãe estiver amamentando, se o bebê estiver ganhando peso, mas o que nos chama a atenção é porque algumas crianças desenvolvem uma relação saudável com a comida e outras apresentam um apetite aguçado.

Existem muitas pesquisas a respeito sobre o que faz com que uma pessoa sinta mais fome ou vontade de comer do que outras, porém ainda hoje há muitas incógnitas a esse respeito. O que sabemos já nos auxilia a trabalhar com os pais e crianças, para que as mesmas consigam mudar o comportamento alimentar.

Segundo a médica Irene Chatoor existem três tipos de fome: a fome da boca, a fome do estômago e a fome do coração.

1 – A fome da boca é quando se come até acabar o alimento escolhido. Já se sabe que há uma responsividade aumentada para sinais alimentares externos, levando as crianças a comerem tudo o que acham saboroso de forma excessiva, mesmo com a fome ausente.

2 – Já na fome de estômago, as crianças parecem não terem consciência da saciedade, não conseguem identificar quando já comeram o suficiente e precisam parar.

3 – A fome do coração é quando aprendem que comer promove tranquilidade, se estão chateadas, estressadas ou tristes, a comida irá deixá-las relaxadas.

Tenho certeza de que muitos pais identificam essas características em seus filhos, mas o que podem fazer para mudar ou mesmo melhorar esses comportamentos alimentares?

As orientações são simples. Desde cedo é importante ensinar ao seu filho a comer o suficiente para que ele aprenda que o que foi colocado no prato é o indicado para seu tamanho e idade. Para que os pais possam ter maior segurança nessa transição, o pediatra, ou mesmo o nutricionista, poderá ajudar a calcular as quantidades. É claro que cada pessoa tem um funcionamento diferente da outra, mas quando respeitamos as quantidades, os tipos de alimentos, introduzindo o que é saudável, a criança vai crescendo e aprendendo a comer corretamente.

Agora, o que vemos com frequência são relatos de pais que assoberbados de tarefas acabam dando salgadinhos, bolos, refrigerantes, bolachas, em horários inadequados para que os mesmos fiquem quietinhos. Ou já introduzem comidas prontas, com pouco valor nutricional, o que não será o suficiente para o que a criança necessita, com isso gerando fome ou desejo de comer.

As crianças também comem em excesso quando são privadas de alimentos comuns que outros amiguinhos consomem, sendo importante não radicalizar, podendo equilibrar essa equação, para que seu filho não se acabe de comer na casa do amiguinho ou mesmo na escola.

Ouço muitos relatos de mães que comem em excesso, mas privam seus filhos, de forma radical, de comerem algo que gostam. Situações em que as crianças presenciam brigas familiares; disputas em justiça pela guarda, abusos sexuais, bullying, além dos problemas gerados pela situação em si, podem ocorrer o aumento da ansiedade, levando a buscar na comida o conforto que necessita.

Quando há fatores emocionais ligados à alimentação excessiva, a mudança se torna mais difícil, podendo comprometer o peso e a saúde da criança. Nesses casos restringir a alimentação pode gerar comportamentos compulsivos em uma idade em que a criança não tem o entendimento da importância de se comer com moderação.

Muitos pais acreditam que os filhos entendem, porém é preciso ficar claro que eles não têm como compreender a extensão dos problemas que possam vir a ter, sendo de fundamental importância que a família se comprometa em mudar hábitos e comportamentos, a fim de que possam estabelecer rotinas adequadas e um estilo de vida mais saudável e equilibrado emocionalmente.

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