Homem da mala
Serraglio recusa Transparência e põe Rocha Loures no sal
Publicado
emMarta Nobre, Edição
O ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio não aceitou o convite do presidente Michel Temer para ocupar o cargo de ministro da Transparência. No último domingo (28), Temer anunciou que trocaria o comando dos dois ministérios e fez o convite a Serraglio, que estava no cargo desde março. Serraglio assumiria a pasta ocupada por Torquato Jardim que, por sua vez, assume o Ministério da Justiça.
A assessoria de Serraglio divulgou na manhã desta terça-feira (30) a carta de recusa enviada ao presidente da República, na qual também anuncia que voltará a ocupar o mandato de deputado na Câmara dos Deputados. “Volto para a Câmara dos Deputados, onde prosseguirei meu trabalho em prol do Brasil que queremos”, diz a carta.
Apesar de o anúncio ter sido feito no dia 28, por meio de nota do Palácio do Planalto, as exonerações e nomeações ainda não foram publicadas no Diário Oficial da União.
Serraglio reassume seu mandato na Câmara, pelo PMDB do Paraná, que vinha sendo ocupado por seu suplente, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial de Temer flagrado pela Polícia Federal (PF) carregando uma mala com R$ 500 mil que, segundo investigações, foi enviada pelo empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, como pagamento de propina.
Leia a carta:
“Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Agradeço o privilégio de ter sido Ministro da Justiça e Segurança Público do nosso País.
Procurei dignificar a confiança que em mim depositou.
Volto para a Câmara dos Deputados, onde prosseguirei meu trabalho em prol do Brasil que queremos.
Osmar Serraglio”
Sem foro – Agora, Rocha Loures perde o foro privilegiado, mas como seu processo está atrelado a outros investigados no Supremo Tribunal Federal, pode permanecer longe do juiz federal Sérgio Moro. Já a representação por quebra de decoro parlamentar protocolada na semana passada pelo PSOL, Rede e PSB pode não ser instaurada. O processo está paralisado porque aguarda despacho da Secretaria Geral da Mesa Diretora ao Conselho de Ética liberando a instauração.
A representação se baseia na delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBS, por ele supostamente ter atuado no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em troca de propina. No diálogo captado pelo empresário, Temer indica Rocha Loures para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS) no Cade. Uma gravação mostra que o parlamentar recebeu uma mala com R$ 500 mil que teria sido enviada por Joesley. Rocha Loures devolveu os valores.
O deputado afastado pelo STF foi assessor especial da Presidência e era suplente de Serraglio. Quando Temer ainda era vice, era Loures quem cuidava de sua agenda.
Rocha Loures está afastado do cargo de deputado desde o dia 18 de maio por determinação do STF. Há duas semanas, o peemedebista não pode exercer suas funções parlamentares, mas ainda assim continuou recebendo o salário de R$ 33.763,00 e com direito ao uso da assistência médica da Câmara. Os demais benefícios, como direito ao uso da cota parlamentar de 38.871,86 e o auxílio-moradia R$ 4.253,00, foram cortados. Agora, ao sair da suplência, ele deixará de receber também o salário.