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Delação de Palocci

Negócios escusos criam clima de pré-convulsão financeira

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Mino Pedrosa

O mercado financeiro brasileiro – com estilhaços em economias fronteiriças e além-mar – está prestes a receber um petardo de dimensões inimagináveis. O gatilho da bomba começou a ser azeitado a partir dos depoimentos de Joesley Batista, da JBS, em sua delação premiada à Procuradoria-Geral da República.

O empresário revelou que um dos grandes motivos para decidir a colaborar, foi o grau de detalhamento das informações recebidas pela equipe da Operação Greenfield sobre a Eldorado Celulose, especialmente no que se refere ao Fundo de Investimento Florestal. Ele detalhou aportes dos fundos de pensão.

Na família Batista e em seus consultores, referendados por informações do procurador Angelo Goulart, havia a certeza da existência de um “delator oculto”, ainda protegido pelo sigilo de um possível acordo, e que estaria repassando tudo à Força Tarefa da Lava Jato.

Não se trata de mera coincidência. O certo é que essa desconfiança também existe entre banqueiros e operadores do mercado há algum tempo. Isso ficou claro com a pressão de Curitiba para que a delação de Antonio Palloci focasse em detalhes as operações e relações com bancos. Uma das instituições visadas seria o BTG Pactual e as operações do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Depois do noticiário dos últimos dias, esses mesmos banqueiros e operadores, além de pessoas próximas à Família Batista, afirmam, na condição de ser respeitado o anonimato, que o “delator oculto” é o Banco Plural e seus executivos, que teriam feito um acordo com a PGR tanto de leniência como de delação. Nas entrelinhas pode ser vista uma cláusula de confidencialidade até o final da Operação Greenfield.

Os fundamentos para tanta certeza estariam no fato de o Banco Plural ser o gestor do Fundo de Investimento Eldorado e com isso ter acesso a todas as informações sobre a empresa e investidores (fundos de pensão estatais). Há de se destacar ainda que boa parte dos executivos do banco é oriunda de sócios do antigo Banco Pactual, que deu origem ao BTG Pactual, e teriam conhecimento de todas as relações e negócios entre BTG-Palloci-André Esteves. A conclusão de todos é que sem essa ajuda a PGR não conseguiria desembaraçar todas as complexas e intricadas operações em andamento.

Quem atua no mercado financeiro sabe que ninguém não engoliu o repentino sumiço do Banco Plural da Operação Greenfield. O banco foi alvo de busca a apreensão e alguns de seus executivos foram alvo de condução coercitiva na primeira fase da Operação, em 2016. O motivo é que vários fundos de investimento investigados na operação são geridos e administrados pelo banco (Regulamento do FIP Florestal, página 5), além do alto volume de recursos injetados da Petros que o banco amealhou nos últimos anos.

De lá pra cá não se ouviu mais nada do Banco Plural. Isso, apesar de uma equipe do próprio MPF ter ido ao banco para saber da influencia e relação que o genro de Léo Pinheiro, alto executivo do banco, e o próprio Léo, tiveram na eventual facilitação para que os relacionamentos do empreiteiro no PT, nos fundos de pensão e na Caixa Econômica Federal gerassem tanto sucesso para o Banco Plural.

As perguntas colocadas na mesa: como, de repente, o Plural passou de alvo a ignorado? Por que ele não aparece mais nas investigações do FIP Eldorado, se o próprio MPF inicialmente o acusava de ser um dos principais responsáveis pela supervalorização do fundo, que lesou os fundos de pensão? Como tantas e tão detalhadas informações chegaram às mãos dos procuradores da Lava Jato, que mudaram o foco da delação de Palocci, de laços políticos, para os laços do mercado financeiro?

O mercado desconfia, com ares de quase certeza, que por trás dessa “colaboração” pode estar uma agressiva e brilhante estratégia para eliminar a concorrência do BTG Pactual, e ocupar seu espaço como o maior banco de investimento do país. Mesmo que para isso precise fazer um estrago em todo o sistema financeiro.

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