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Vida de borboleta

De dia trabalhando, de noite presa na cela, esperando a liberdade

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Gabriela Moll

O enclausuramento é o casulo delas. Restritas da liberdade, as mulheres na prisão muitas vezes podem perder o contato com a família e não ter mais as roupas que tinham. Ao deixar a cadeia para trabalhar no regime semiaberto, precisam de um novo vestuário.

O Projeto Borboleta, da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), serve para dar esse apoio. Peças de roupa provenientes de doações são entregues a mulheres que praticamente não têm o que vestir para trabalhar.

Na cadeia, existem uniformes, e o branco é a tonalidade permitida. “Fiquei quatro anos sem usar cor. Tinha uma vontade tão grande de colocar calça jeans e usar salto. Aí pensava: será que ainda sei andar de salto?”, contou uma das participantes, de 37 anos, enquanto se equilibrava em um sapato com 15 centímetros de altura.

Na sala com o provador e as araras de roupa, ela desprendeu o cabelo e disse que quer ir a um salão fazer escova. “Aqui é onde podemos perder a cara de presa. Quando ainda estava com o uniforme, fui tomar um café e senti que estivessem me olhando, como se todos soubessem que sou presa.”

Toda pessoa tem direito a cinco peças de roupa, que podem ser escolhidas de acordo com as características e o estilo de cada uma. Qualquer item de vestuário, cosmético e acessório é bem-vindo, mas é fundamental que estejam limpos e em bom estado. No período do inverno, a demanda aumenta por roupas de frio.

Uma outra mulher, de 38 anos, não se sentiu à vontade em retirar as peças. “Eu tenho, prefiro deixar para quem não tem nada.” Animada com o emprego, ela — que também passou quatro anos no regime fechado — agora quer ajudar a manter a ação. “Penso em doar roupas para cá. Tem gente que sai sem nada, e esse projeto é muito bom.”

Ação já atendeu 200 homens e mulheres do semiaberto
“Algumas vinham assinar o contrato de trabalho, mas ficavam inseguras porque só tinham a roupa do corpo”, lembra o diretor-executivo da Funap, Nery do Brasil, em referência ao público feminino, que é maioria atendida pelo projeto.

Além do vestuário, são oferecidos outros itens como bolsas, bijuterias e perfume, além de maquiagem.

Criada em março para atender mulheres, a proposta foi estendida para homens. Detentos sem familiares no DF ou que não têm condições para adquirir novas peças e se apresentar de forma apropriada no trabalho são os principais beneficiários das doações. De acordo com a Funap, 200 pessoas já receberam a ajuda.

Segundo o diretor da entidade, a transformação é essencial para elevar a autoestima dos sentenciados na nova fase e quebrar o estigma das vestes dos presos. “Eles ficam revitalizados, mais confiantes e ganham o estímulo necessário para cumprir as funções profissionais.”

Quem quiser doar deve ir, sem prazo determinado, à sede da Funap, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Trecho 2, Lotes 1835/1845, 1º andar. Dúvidas podem ser esclarecidas pelo telefone (61) 3233-8215.

A Funap gerencia 70 contratos de trabalho com empresas públicas e privadas para inserção da mão de obra carcerária. Por exercerem essas funções, mais de 1,3 mil homens e mulheres recebem remissão de pena — para cada três dias trabalhados, um é abreviado da sentença — e são remunerados por meio da bolsa-ressocialização.

Doação
Sede da Funap
De segunda a sexta-feira, das 8 às 17
SIA, Trecho 2, 1º andar
Telefone (61) 3233-8215

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