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Cara nova

Eleitor pode surpreender e colocar distrital no Buriti

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José Seabra

A relação entre a geografia e a política é mais profunda do que imaginam os eleitores em regimes autenticamente democráticos. Quando falamos de geopolítica, não devemos restringir a análise aos movimentos globais, intercontinentais. Ela acontece na esquina de casa. Diariamente.

Quando reduzimos a observação ao patamar daquilo que nos interessa, no nosso bairro, na nossa cidade e Estado, então estamos no caminho correto. É para isso que existem as assembleias municipais e estaduais.

No caso do Distrito Federal, é a Câmara Legislativa, onde estão os 24 representantes da população. São eles que têm obrigação de conhecer nossos problemas e necessidades. Teoricamente, esse conhecimento deverá ser utilizado para encontrar soluções. Seja por meio de leis, seja por meio da governança.

E é aí que entra a questão maior: para ter o poder de determinar e executar projetos, os 24 deputados dependem daquele que comanda o Palácio do Buriti. Ou o governador concorda com a execução das soluções, ou o deputado distrital senta na cadeira dele e cumpre sua missão. Por esse ângulo, é natural que o sucessor de Rodrigo Rollemberg deixe a CLDF e vá para o outro lado da praça.

Só existe uma forma de conquistar isso que é pelo voto. Mais uma vez, teoricamente, temos 24 nomes aptos a comandar o Buriti em 2019. Na prática, quem deveria governar nossas soluções seria um deles. Mas quem vai revelar esse nome é o eleitor.

Outros oito parlamentares podem ser somados aos deputados distritais. Na Câmara Federal, o Distrito Federal também dispõe de políticos que estão de olho no Palácio do Buriti. A soma, assim, chega a 32. Mas as atribuições dos federais estão mais distantes da população. Por mais que eles se esforcem em marcar presença dominical nas feiras e igrejas, são os distritais que vivem o dia a dia do cidadão brasiliense, que pisa nos gabinetes da Câmara Legislativa e que raramente vai ao Congresso Nacional expor suas mazelas.

Para chegar à soma de 35 naturais candidatos, somamos mais três senadores, cujas funções estão ainda mais distantes do varejo diário de problemas dos candangos. Especialmente nesse mandato em que o Distrito Federal não pode contar com nenhum dos senadores. São todos inoperantes.

Não será surpresa se desse Plenário sair o sucessor de Rollemberg

O leque é grande! Rollemberg é candidato natural a uma reeleição improvável. Chegamos, então, a 36 candidatos. Por fora, digamos, correm outros franco-atiradores que pretendem resolver os problemas do DF. São cerca de meia dúzia. É muito candidato ao Buriti, mais de quarenta!

Como a lógica política não é essa, melhor praticarmos a geopolítica. Isso significa que se filtrarmos todos os nomes, quem conhece mesmo as nossas cidades são os deputados distritais e o próprio governador.

O que vai fazer diferença é a capacidade de encontrar soluções, executar projetos, cumprir compromissos, ter ótima relação com a Câmara Legislativa. O governador, segundo sua atuação, embora conheça a cidade, não encontra soluções, não executa projetos nem tem uma boa relação com a CLDF.

Dos quarenta possíveis candidatos, espremendo atributos, voltamos a reduzir aos 24 distritais a possibilidade de um deles ocupar o Palácio do Buriti. Se teoricamente essa tese tem fundamento, na prática saberemos até o fim do ano quem serão nossos deputados distritais candidatos ao Governo do Distrito Federal. Esses sim, que conhecem as mais de quarenta regiões do Distrito Federal na palma da mão e seus moradores pelos nomes.

O eleitor receberá uma ajuda importante de quem pode eliminar alguns pretendentes: o Ministério Público ou o Tribunal de Contas, com o auxílio da Polícia Federal. Assim será mais fácil. É só fazer uma lista com 24 nomes e riscar um a um, em caso de impedimento, até chegar ao futuro governador.

Ainda que o pobre eleitor não saiba, ele estará participando da geopolítica.

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