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Dias de bonança

Mercado de crédito ganha fôlego e atrai investidores externos

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Aline Bronzati e Mônica Scaramuzzo

O mercado de recuperação de crédito está atraindo novos investidores no Brasil, interessados na taxa de retorno que podem obter em meio à imaturidade do segmento e a retomada da economia. O movimento mais recente foi feito pelo Santander Brasil, que em julho comprou 70% da empresa de empréstimos vencidos inadimplentes Ipanema Credit Management. Investidores nacionais e estrangeiros estão olhando esse mercado mais ativamente, diz Nicolas Malagamba, da PWC.

Em novembro de 2016, o BTG Pactual voltou a atuar nesse segmento de recuperação de crédito, com a criação da Enforce. Um ano antes, o banco teve de vender para o Itaú a Recovery, líder nesse mercado. À época, o BTG teve de se desfazer de vários ativos por conta da crise desencadeada com a prisão de seu fundador André Esteves, acusado de tentar obstruir as investigações da Lava Jato.

Alexandre Camara, sócio do BTG Pactual, afirma que a Enforce tem R$ 30 bilhões em carteira sob gestão e R$ 1 bilhão para investir na expansão da nova companhia, que foca suas operações na recuperação de crédito no segmento corporativo. Camara foi o executivo que ajudou a estruturar a Recovery, adquirida pelo BTG em 2010.

Com a recuperação da economia, os investidores apostam que os credores – pessoas físicas e jurídicas – estão mais dispostos a pagar o que devem. Segundo Camara, uma plataforma independente tem maior eficiência para fazer essa cobrança. “O segmento corporativo, por oferecer garantias para obtenção de crédito, é o mais atraente nesse momento.”

Já o Itaú, que viu na crise gerada pela prisão de Esteves a oportunidade de comprar um competidor líder de mercado e ainda reforçar sua operação de cobrança, continua investindo na Recovery. A companhia detém R$ 60 bilhões em créditos de cerca de 12 milhões de pessoas físicas. Flávio Suchek, gestor da empresa, conta que a Recovery tem canais alternativos de pagamento, com foco em educação financeira.

O Santander, que é bastante atuante na venda de carteiras vencidas no mercado externo, tem mantido a oferta de créditos ao mercado. De acordo com fontes ouvidas Estadão/Broadcast, o banco colocou à venda uma carteira de cerca de R$ 50 milhões. Outra instituição que também aguarda propostas de interessados para se desfazer de seus créditos podres é o Votorantim, que ofertou um lote de R$ 300 milhões.

Procurados, Santander não quis dar detalhes de sua operação e Votorantim confirmou a informação.

Contido – Apesar de a crise ter elevado o volume de créditos inadimplentes nas carteiras dos bancos, no primeiro semestre deste ano, o Banco do Brasil foi mais contido na transferência de operações para a Ativos, seu braço de extensão de recuperação de empréstimos em atraso. Foram cerca de R$ 2,9 bilhões na primeira metade do ano contra R$ 3,6 bilhões em igual intervalo de 2016.

Para o segundo semestre, uma quantia similar deve ser transferida, de acordo com o vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Risco do BB, Márcio Hamilton Ferreira. Ele explica que a queda reflete o aumento da concessão de créditos com garantias como os destinados à compra de imóveis, operações que não vão para a Ativos. “Utilizamos a Ativos no âmbito da nossa estratégia de cobrança. Geralmente, transferimos créditos sem garantia e voltados a pessoas físicas. O restante preferimos acompanhar dentro do banco”, diz o executivo.

Já a Caixa, que segue impedida de vender carteiras de crédito pelo TCU, adotou neste mês um esforço dentro de casa para recuperar seus empréstimos vencidos. Na mira do banco estão operações concedidas a pessoas físicas e empresas e também o habitacional, mercado do qual é líder com fatia de 68%. Procurada, a Caixa não comentou.

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