Alianças brancas misturam aliados de Dilma e Aécio no Nordeste
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emO palanque do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em Alagoas – com reflexos nos demais Estados no Nordeste – não foi fechado no dia 30, final do prazo das convenções, pelo calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso deverá acontecer até o dia 5, quando as atas destas convenções terão de chegar ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), com os nomes dos candidatos à votação de outubro.
Mesmo assim, discute-se uma “aliança branca” entre o palanque tucano e o de Dilma Rousseff no Estado, representado pela Frente de Oposição, do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Fernando Collor (PTB-AL) e de Eduardo Tavares (PSDB), que na convenção de ontem não apresentou seu candidato a vice nem postulante ao Senado. Os nomes devem ser costurados até o próximo sábado.
O governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) é o único chefe do Executivo, no Nordeste, do tucanato. Nas duas visitas que fez ao Estado este ano, Aécio trata Alagoas como “o quartel general dos tucanos no Nordeste”. Uma condição para tentar vencer Dilma Rousseff no colégio eleitoral dos petistas, que tenta ser dividido pelos correligionários do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Mas a verdade é que aliados de Dilma e de tucanos buscam uma “aliança branca” em Alagoas, um acordo para evitar troca de acusações nos dois palanques, deixando para as executivas nacionais os ataques, preservando os palanques regionais. Uma condição que beneficia, por exemplo, a aliança PTB-PT em Pernambuco, do senador Armando Monteiro. Os trabalhistas pernambucanos votam em Dilma e estão aliados aos petistas. O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), também busca uma eleição “mais tranquila” ao governo do Rio Grande do Norte. No início de junho, os petistas não apoiavam Alves.
Em Alagoas, os dois lados buscariam a posição dos “inimigos cordiais”. Renan e Vilela negociam a passagem da legenda de Gilberto Kassab, o PSD (em Alagoas, presidido pelo deputado federal e usineiro João Lyra, da Frente de Oposição) para o palanque dos tucanos, viabilizando o tempo de TV dos tucanos (hoje pouco mais de um minuto). Em troca, Renan já conversou com prefeitos do PMDB para eles apoiarem o sobrinho do governador, Pedro Vilela (PSDB), à Câmara Federal. O PSD recebeu a proposta de ser vice do nome dos tucanos: Eduardo Tavares.
Há seis dias, Kassab e PT formalizaram a aliança para a reeleição de Dilma Rousseff, em Brasília.
Como candidato ao Senado, recebeu a proposta o ex-secretário de Infra-Estrutura, Marco Fireman, que é tucano. Em maio, o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, do PROS, reclamou aos jornais de Fireman. Isso porque ele seria parte de um acordo entre o governador de Alagoas, Teotonio Vilela, e o deputado federal (e líder do PROS no Nordeste) Givaldo Carimbão (AL) para ser indicado a ministro da Integração Nacional. Vilela é tratado como “o mais tucano dos petistas”, pela aproximação com Dilma Rousseff, pelos elogios à presidente da República. Nas vezes que vem a Alagoas, recebe flores – cena também registrada este ano.
Dilma evitou brigar com os irmãos Ciro (o outro é o atual governador do Ceará, Cid Gomes) e o Ministério da Integração Nacional virou “imexível”. Carimbão adiantou ao Terra, em 30 de setembro do ano passado, a entrada dos irmãos Cid no Pros, sem perder cargos em Brasília.
Enquanto isso, na disputa ao governo alagoano, há sete candidatos: além de Eduardo Tavares e Renan Filho, do PMDB (representante de Dilma e que tem 13 minutos e 19 segundos de tempo na TV), estão o senador Benedito de Lira (PP – que tem 7 minutos e 20 segundos), que diz apoiar Eduardo Campos na disputa presidencial, mas indicou o atual ministro das Cidades, Gilberto Occhi, além da direção nacional da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), trocada por Dilma após denúncias da revista Veja, sobre as relações entre esta diretoria e o doleiro Alberto Yousseff. Os tucanos têm minguados 3 minutos e 5 segundos
Benedito de Lira abriga partidos aliados do governador alagoano, como o DEM, mas os oito partidos que apoiam o senador na disputa permanecem com metade das indicações em cargos do governo tucano: PP, DEM, PSB, PR, SDD, PSL, PSDC, PPS.
Ainda na disputa: o engenheiro agrônomo Mário Agra (PSOL), Luciano Balbino (PTN) e Joathas Albuquerque (PTC).