Oposição em polvorosa
Distritais advertem que apressar Iprev pode ser um tiro no pé
Publicado
emLuís Cláudio Alves
Um dos principais assuntos debatidos pelos deputados distritais na sessão ordinária da Câmara Legislativa desta terça-feira (29) foi o projeto de lei complementar que reestrutura o regime próprio de previdência do Distrito Federal. A proposta foi aprovada horas antes pelas comissões de Assuntos Sociais (CAS); de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF), e de Constituição e Justiça (CCJ).
A maioria das manifestações foi contrária ao projeto e à pressa para sua votação. O deputado Cláudio Abrantes (sem partido), por exemplo, apelou aos colegas para não apreciarem a matéria “na correria”. “Não consigo acreditar que a Câmara vá aprovar este projeto só por causa da pressão do governador”, condenou.
Abrantes lamentou que o governo, sempre que está com alguma dificuldade financeira, vá a público dizer que “a bola está com a Câmara ou que a solução para o problema depende da Câmara”. Para ele, o GDF não respeita o Legislativo local ao colocar essa pressão, principalmente porque em muitas ocasiões não manda sequer representantes para participar de audiências públicas.
A deputada Celina Leão (PPS) apontou uma falha jurídica na proposição e disse que vai requerer sua prejudicialidade junto à Mesa Diretora. Segundo ela, já existe um projeto do governo sobre previdência complementar em tramitação na Casa e ele tem que ser apreciado com prioridade, antes da nova proposta.
Celina Leão também ponderou que as duas questões principais do PLC nº 122/2017 – a criação da previdência complementar e a unificação dos dois fundos existentes – precisam ser analisadas separadamente, por meio de projetos distintos. A distrital também afirmou que a fusão dos fundos é um risco para os servidores. Na opinião da parlamentar, o único interesse do governo é fazer caixa para o ano eleitoral. Ela lembrou ainda que os fundos que foram alterados em outros estados viraram casos de escândalos de corrupção.
Já o deputado Ricardo Vale (PT) criticou a forma apressada com que a Casa vem conduzindo o projeto. Vale sustenta que o assunto é delicado e muito importante para milhares de trabalhadores do DF. Em sua opinião, “o processo apressado tem tudo para dar errado”. Para ele, o tema requer um debate mais aprofundado e cuidadoso. “Muitos deputados não sabem direito nem do que a proposta trata”, completou.
Ricardo Vale argumentou, ainda, não haver mais motivos para o GDF apressar a tramitação, já que recebeu repasses do governo federal que vão evitar o parcelamento de salários. “É preciso construir um projeto que não puna os trabalhadores e que garanta as aposentadorias nos próximos anos”.
O deputado Wasny de Roure (PT) destacou que o Executivo tem errado muito na gestão dos fundos previdenciários em todo o País. Ele também defendeu as recomendações apresentadas por especialistas, durante audiência pública realizada ontem (28). Wasny considera que a “histeria” do governo no encaminhamento da proposta já causou prejuízos e o recuo dos consumidores na aquisição de bens, agravando ainda mais a crise econômica e reduzindo a arrecadação de impostos.
“É preciso ter prudência, cautela e responsabilidade para governar”, defendeu o distrital. Para ele, o governo não tem pressa para votar a previdência complementar, pois uma proposta do governo tramita na Casa desde 2015. Wasny acredita que o interesse do governo é nos recursos do fundo superavitário.
Por sua vez, o líder do governo na CLDF, deputado Agaciel Maia (PR), defendeu o projeto e ressaltou que os recursos são necessários para equilibrar o caixa do governo. Na opinião dele, não é possível a existência de um fundo previdenciário segregado.
O projeto de lei complementar nº 122/2017 cria um regime de previdência complementar para novos servidores, limitando as aposentadorias ao teto do INSS, atualmente em R$ 5.531,31. Além disso, unifica os dois fundos previdenciários geridos pelo Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do DF (Iprev). O primeiro fundo, o financeiro, que abrange 58 mil aposentados e 52,3 mil servidores contribuintes, atualmente é deficitário. Já o segundo, chamado de capitalizado, inclui 152 aposentados para cerca de 34 mil servidores contribuintes que ingressaram no governo a partir de 1º de janeiro de 2007, e é superavitário.