Cada um por si
Aliança entre PMDB e PSDB vai rachar nas eleições estaduais
Publicado
emRenan Truffi e Igor Gadelha
Aliados em torno da gestão Michel Temer, PMDB e PSDB não devem repetir a dobradinha na maior parte das disputas estaduais em 2018. Um levantamento feito mostra que hoje a tendência é de que tucanos e peemedebistas fiquem separados em 18 Estados, contra nove nos quais a parceria nacional pode se repetir.
Em campos opostos nas eleições de 2014, quando PMDB era o principal aliado do PT no governo federal, os peemedebistas se uniram aos tucanos em maio de 2016 em meio ao impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. Desde então, as duas siglas têm compartilhado cargos federais, diretrizes de governo e protagonismo nas decisões tomadas pelo Palácio do Planalto. Mas essa relação não deve mudar o quadro de coligações entre as legendas desde a última eleição presidencial.
Em 2014, o número de alianças do PMDB com os tucanos era o mesmo que se projeta para 2018. Na ocasião, PMDB e PSDB também se coligaram em nove Estados, enquanto integraram chapas distintas em outras 18 disputas estaduais.
O líder do governo no Senado e presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), admite que a aliança nacional não será levada em conta nas conversas para fechar as coligações do ano que vem. “Não tem isso (de estabelecer preferência para coligações com o PSDB). O PMDB não vai se coligar com o PSDB em Roraima, por exemplo.”
A opinião de Jucá é parecida com a do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que também considera que o cenário regional deverá prevalecer na composição das alianças locais. “Sempre foi assim, nas últimas eleições também. O local prevalece.”
Nos bastidores, as negociações se encaminham para que PSDB e PMDB estejam juntos na Bahia, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Santa Catarina e Tocantins. Já a lista que contabiliza tendência de separação entre as legendas é mais extensa: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo e Sergipe.
São Paulo será, mais uma vez, palco de disputa entre os dois partidos. Os peemedebistas
dão como certo a candidatura de Paulo Skaf (PMDB-SP), atual presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A única ressalva feita, nos bastidores, é para o caso de uma candidatura do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), para governador. Se isso ocorrer, Skaf retiraria a candidatura, garantem líderes do partido, o que aproximaria a possibilidade de uma coligação entre tucanos e peemedebistas.
Separadas – Dos 18 Estados em que as legendas devem estar separadas em 2018, seis foram palcos de união para os dois partidos nas últimas eleições. Há três anos, peemedebistas e tucanos estavam juntos no Acre, Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Roraima. Agora, no entanto, esses Estados poderão ver as siglas se enfrentarem pelo voto popular.
No Espírito Santo, os partidos de Temer e do senador Aécio Neves (MG) devem se afastar por um movimento do governador Paulo Hartung (PMDB). Ele ensaia trocar de legenda pelo próprio PSDB. O governador recebeu o convite diretamente do tucano Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo. Caso aceite voltar ao ninho tucano, do qual já fez parte no passado, Hartung terá de enfrentar a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES). Ela já fala abertamente em entrar na disputa. Hartung é sondado também por DEM e PTB, o que poderia afetar os planos dos tucanos.
Por outro lado, peemedebistas e tucanos devem se juntar, em 2018, em seis Estados nos quais foram rivais anteriormente: Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Santa Catarina e Tocantins. O caso mais representativo é o de Minas. A explicação para a união entre PMDB e PSDB no Estado é a crise enfrentada pelo governo Fernando Pimentel (PT), alvo de denúncias de corrupção. Apesar de ter apoiado Pimentel no início, o PMDB rachou em relação à manutenção da aliança com o petista para as próximas eleições.
O maior responsável pela dissidência é o deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que almeja ser candidato ao governo do Estado.