Pesquisa pede fim da bagunça
Sociedade quer ordem no Buriti e progresso no DF
Publicado
emKleber Ferriche
Quinta-feira, 7 de setembro. Um feriado para reflexão e um dia apropriado para comentar a última enquete virtual de Notibras. Antes disso, é importante entender que as freqüentes pesquisas propostas pelo portal de notícias do GNC diferem daquelas encomendadas aos institutos de verificação sobre a opinião pública.
Além de não receberem patrocínio de nenhum interessado, os temas são livres e a metodologia é a da espontaneidade entre os mais de 8 milhões e 700 mil internautas que frequentaram as páginas de Notibras apenas em 2017.
Às 15 horas da véspera de um dia independente, a enquete que propôs seis alternativas de nomes (incluindo nenhum desses) para governar o Distrito Federal, em substituição a Rollemberg, surpreendeu pelo resultado.
Mas o público deve entender como o assunto tomou conta da redação desde o início.
Em pesquisa anterior, uma outra surpresa: entre os parlamentares que ocupam cadeiras na Câmara Legislativa e na Federal e ainda no Senado da República, foi perguntado em qual dessas instâncias estaria o candidato para ocupar o Buriti, na preferência do leitor. A alternativa “um sem mandato” foi quase uma unanimidade, alcançando mais de 90% dos votos.
O eleitor não está disposto a votar em um político. Resultado que obrigou Notibras a propor outra enquete, agora com a intenção de identificar nomes e setores da sociedade que teriam penetração e credibilidade capazes de apresentar um candidato apto, pelo apoio popular, a concorrer ao Governo do Distrito Federal.
Para muitos, outra surpresa, embora as premissas e a experiência de integrantes de Notibras tenham orientado a formação da lista de opções, a partir do conhecimento de campo e a vocação para ouvir e sentir os tecidos sociais.
Voltando às 15 horas do dia 6 de setembro de 2017, mais de 2,4 mil internautas despejaram suas opiniões no portal – as pesquisas promovidas pelos institutos utilizam como universo de consulta no DF, com margem de erro de 3 ou 4%, 1.600 entrevistas em média – e o General Paulo Chagas somava naquele horário 81% da preferência, com mais de 1.900 votos. Paulo Octavio foi incluído por não ter mandato e obteve a segunda posição com 10% dos votos. Aqueles que não votariam em nenhum da lista (uma das alternativas) foi de 6% e emplacaram um terceiro lugar à frente de nomes do setor empresarial: José Humberto Pires (3%); da imprensa, Henrique Chaves (1%) e do meio jurídico, o advogado e presidente da OAB, Costa Couto, também com 1% no resultado geral.
Os mesmos motivos que levaram Notibras à escolha do nome de Paulo Chagas para integrar a lista – guardados a sete chaves – fundamentam o resultado, para muitos surpreendente.
Outras verdades podem ser ditas: a escolha dos nomes obedeceu a critérios como o de não propor ninguém que tenha mandato na legislatura atual, identificar nomes notórios em seus setores e corporações nas quais estão inseridos e que a sociedade julga importantes.
Mais que isso, nenhum deles declarou publicamente o desejo de disputar o cargo e desconheciam a inclusão de seu nome na enquete. Razões que garantem transparência e segurança mínimas ao resultado de uma verificação eletrônica.
Podemos considerar que existe uma demanda reprimida da sociedade por nomes que traduzam comando nas instituições. Os entendidos não estão dispostos a acreditar na realidade das ruas e continuarão como vorazes apoiadores do fenômeno ex. Ex-governadores, ex-deputados, ex-senadores, ex-presidiários.
Talvez a falta de memória dos lobistas de ocasião, habituados ao fenômeno ex, provoque um apagão sobre o histórico das eleições no Distrito Federal.
Os mesmos eleitores que tomaram a cadeira do Buriti do sucessor de Roriz, Valmir Campelo, e entregaram a um desconhecido professor Cristovam, foram os que retomaram o comando do GDF de Cristovam e devolveram ao mesmo Roriz. Coisas de Brasília.
Em 2018 é provável que a paciência do eleitor não aceite mais o discurso repetitivo dos fazedores de obras, econômicos de gabinete ou utópicos da educação. Percebem que essas são obrigações de quem ocupa um cargo público e querem nomes que trabalhem mais, falem menos, e se mantenham longe de malas, meias e cuecas abastecidas.
A surpresa será ainda maior para outros pleitos, como a CLDF e o Congresso. Para observadores mais atentos e competentes, o que o eleitor quer é muita ordem no setor público e muito progresso para as suas famílias.
Tentar combater um expoente que surge no inconsciente coletivo só porque ele usa farda, quarenta anos depois da ditadura, pode não dar certo após o nascimento de tantas novas gerações de eleitores.
Quem quiser que deduza o resto…