Transplante
Setembro Verde faz alerta para a doação de órgãos e tecidos
Publicado
emMariana Alves, Edição
No dia 27 de setembro é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos, que neste ano tem motivos a mais para celebrar: o número de transplantes realizados no país aumentou em 15,7% no primeiro semestre de 2017, se comparado com o mesmo período do ano passado. Já em relação ao último semestre de 2016, o aumento foi de 11,8%.
A taxa de doações passou de 14,6 pmp (por milhão de população) para 16,2 pmp, segundo último relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), divulgado em agosto. Este aumento é devido ao aumento de transplantes de rim (5,8%), fígado (7,4%) e córneas (7,6%), porém houve diminuição nos transplantes de coração (3,6%), pulmão (6,5%) e pâncreas (6,0%).
O transplante cardíaco deixou de crescer pela primeira vez desde 2011. No Brasil, o único tipo de óbito que permite a doação de órgãos é a morte encefálica, quando o cérebro perde definitivamente suas funções. A família, então, é consultada sobre a possibilidade da doação, por isso é tão importante o doador avisar para os parentes sobre sua escolha. Só no último ano, foram realizados 22.489 transplantes no Brasil.
Os últimos dados registrados sobre a fila de transplantes de órgãos no Brasil são de junho deste ano, quando havia 32.952 pessoas na espera pelos órgãos. Estudo inédito amplia chances de transplante entre portadores de hepatite C. Atualmente, muitos fatores inviabilizam a doação, porém a medicina caminha para diminuir as barreiras entre o doador e quem precisa do transplante. Com o intuito de aumentar o número órgãos aptos para a transferência muitas iniciativas estão ganhando força.
Entre os exemplos que podem ser citados está estudo publicado este ano na revista científica The New England Journal of Medicine, pesquisadores americanos avaliaram a viabilidade de um paciente que necessite de um transplante renal receber um rim de um doador com hepatite C. Os especialistas realizaram testes a partir de um grupo de pacientes, todos portadores de Doença Renal Crônica em estágio 5 (DRC 5), ou seja, que necessitavam ser transplantados. O grupo de nefrologistas da Universidade da Pensilvânia (EUA) investigou a segurança e a eficácia do transplante de rins de doadores com uma variação específica de vírus C (há mais de um tipo) para pacientes com DRC 5.
A seleção dos pacientes foi extremamente rigorosa: apenas adultos, que preenchiam critérios preestabelecidos, totalizando 10 pacientes. Além das medicações utilizadas em um transplante renal habitual, antivirais foram acrescentados ao tratamento e mantidos por 12 semanas. Ao final da experiência, todos os participantes ficaram curados da hepatite e apresentaram função renal adequada após o transplante. “Portanto, este pequeno “grupo piloto” de pacientes demonstrou que esta estratégia é possível, proporcionando excelente função do rim transplantado associada à cura do vírus da hepatite C, viabilizando uma opção terapêutica em situações de escassez de órgãos”, explica a nefrologista e diretora da Clínica de Doenças Renais de Brasília (CDRB), Maria Letícia Cascelli.
Nos Estados Unidos, existem mais de 500 rins “viáveis” para doação vindos de falecidos portadores de hepatite C, órgãos que são descartados anualmente. Porém, medicamentos antivirais, específicos para erradicação do agente causador da doença, com altas taxas de sucesso e efeitos colaterais já conhecidos, estão atualmente disponíveis. Isto cria um potencial para aumentar o número de transplantes renais a partir de rins infectados com vírus C.