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Filme com Agnelo faz Arruda ser mero coadjuvante em fita de Durval

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Fernando Fantauzzi é um homem poderoso e ambicioso. Circula em rodas políticas e empresariais com a facilidade de quem rouba o pirulito de uma criança. Queria ser candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB nas eleições de outubro, mas perdeu a indicação para o correligionário Paulo Skaf. Dependendo de quem esteja do outro lado da porta, enxerga nesse paulista um advogado respeitado, temido ou odiado.

Fernando Fantauzzi gosta de ganhar dinheiro com política. E de políticos. Os métodos nem sempre são considerados éticos. Mas ele sabe que vive em um mundo em que a palavra já não tem o mesmo valor de um fio de bigode.  Por isso, aprendeu a utilizar diminutos equipamentos  tecnológicos que fazem de tudo. E hoje dispõe de um arquivo de áudio e imagem capaz de fazer inveja a Sherlock Holmes.

Fernando Fantauzzi foi trazido a Brasília por um amigo comum do governador do Distrito Federal. Conversaram sobre negócios no Palácio do Buriti, na residência oficial de Águas Claras e em dois ou três restaurantes da moda da capital da República. Invariavelmente as conversas eram presenciadas, com direito a apartes, por Luiz Carlos Alcoforado e Abdon Henrique, dois próceres da Confraria do Agnelo.

Fernando Fantauzzi, nessas ocasiões, muito ouvia e pouco falava. Vendeu a Agnelo Queiroz a imagem do homem de visão que é. Colocou na mesa, sem constrangimento, suas digitais. E uma lista de pessoas poderosas política, econômica e financeiramente espalhadas pelos Estados Unidos, Oriente Médio e Ásia. Vislumbrando um futuro promissor, o governador se deixou absorver pelas energias e teorias do seu interlocutor.

Fernando Fantauzzi foi designado por Agnelo Queiroz uma espécie de coordenador de missões especiais para atrair investimentos externos para o Distrito Federal. E começou a maratona de viagens aos Estados Unidos, Qatar, Emirados Árabes, Cingapura, Alemanha, Espanha, França. Dois projetos precisavam sair do papel. As prioridades eram o Centro Financeiro Internacional e o Parque Tecnológico da Cidade Digital.

Fernando Fantauzzi, em todas as vezes em que esteve dividindo uma mesa com Agnelo Queiroz e os confrades Luiz Carlos Alcoforado e Abdon Henrique, pedia licença para responder a uma mensagem urgente no whatsapp. Simulava conversas amenas. E gravava, em áudio e imagem, o que se discutia com seus interlocutores.

Fernando Fantauzzi tem demonstrado a amigos comuns que teve prejuízo com Agnelo Queiroz. Culpa não apenas o governador, mas também, e principalmente, Luiz Carlos Alcoforado e Abdon Henrique. Diz que seu tempo é dinheiro, e que acumulou prejuízos por todo o período em que esteve à disposição do Palácio do Buriti. E, pior, avalia que ganharam dólares e petrodólares a partir dos contatos iniciados por ele.

Fernando Fantauzzi tem preferência por equipamentos da Samsung. Mas também costuma usar os da Nokia. A qualidade do som e da imagem, garante, se assemelham bastante. Embora recorra – como seus ex-interlocutores a quem prestava consultoria – a práticas pouco republicanas, ele tem a vantagem de empregar a tese do fio de bigode. Dois Samsung e um Nokia estão prestes a chegar às mãos de um desafeto de Agnelo Queiroz.

Fernando Fantauzzi assegura que estará entregando os originais. Que não há cópias. Se o conteúdo for utilizado na campanha eleitoral, Agnelo Queiroz será varrido do mapa político do Distrito Federal. A explosão espalhará estilhaços por todos os lados. E as imagens e o áudio que serão veiculados no horário político em que José Roberto Arruda aparece supostamente recebendo um maço de notas de Durval Barbosa, terão um mero papel de coadjuvante na disputa pelo Buriti.

José Seabra

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