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O belicista

Doutrina nuclear de Trump vai provocar o fim do mundo

Publicado

Autor/Imagem:
Marta Nobre

O estrategista vietnamita para assuntos de defesa e segurança Le Mau, teme que a nova doutrina belicista dos Estados Unidos, conforme descrito na Revisão da Postura Nuclear de 2018, pode levar o mundo à sua maior catástrofe. A manifestação de Le Mau foi feita em entrevista ao site Sputnik, de Moscou.

Alguns dias atrás, o Departamento de Defesa dos EUA publicou a nova doutrina nuclear dos EUA. Juntamente com a Estratégia de Segurança Nacional e a Estratégia de Defesa Nacional, adotada anteriormente, a nova doutrina nuclear representa o sistema oficial de pensamento da liderança dos EUA sob o presidente Donald Trump.

O documento estabelece um curso para alcançar a superioridade geral dos EUA em relação a qualquer inimigo, de acordo com os slogans “America First” e “Peace Through Strength” de Trump, e como demonstrado pelas ações de Washington. Os EUA estão preparados para desencadear uma guerra contra qualquer rival que contrarie a posição de monopólio da América ou que viole a “ordem mundial” estabelecida pelos EUA, na qual eles dominam os demais.

A maior preocupação de Washington seria o poder da ‘Nova Rússia’, que a América vê como a principal ameaça, bem como a China, a Coréia do Norte e o Irã. O potencial nuclear atual e futuro desses países é visto como uma ameaça para a segurança dos EUA e o motivo da sua preparação para lançar um ataque nuclear preventivo destinado a defender a América.

Para Le Mau, não se deve esquecer que os Estados Unidos foram o primeiro e único país a usar armas nucleares contra um país que não possuía esse tipo de arma mortal. As bombas nucleares que caíram sobre Hiroshima e Nagasaki na II Guerra Mundial forçaram o Japão a render-se. A versão russa, porém, é outra. A rendição foi consequência da ação do Exército Soviético, que esmagou o exército japonês.

Na avaliação do analista vietnamita, ao adotar para si as conquistas de outros naquele conflito, os Estados Unidos queriam que outros países se submetessem a eles em um mundo de pós-guerra unipolar. “Se a União Soviética, seguida pela China, não tivesse vindo a possuir armas nucleares, e não conseguiu um equilíbrio estratégico, não há como dizer o quanto a ordem mundial poderia ter feito com a guerra”, avalia.

Se alguém imaginasse isso com sua nova doutrina nuclear, os Estados Unidos conseguiriam de alguma forma obter superioridade em armas nucleares. Se ninguém mais fosse capaz de responder com a mesma moeda, como Washington se comportaria? Isso aumentaria sua interferência nos assuntos internos de outros países e seria capaz de atacar qualquer estado que os EUA considerassem como violação da ordem que eles impuseram.

No entanto, observa Le Mau, as realidades globais estão em desacordo com a revisão da postura nuclear de 2018. Ele lembra que a Coréia do Norte, o Irã, a China e especialmente a Rússia fizeram grandes progressos no desenvolvimento e implantação de armas nucleares, bem como em sistemas antimíssil. Isso não é de forma alguma um fator que estimule os EUA a procurar uma nova estratégia para prevenir um ataque em solo americano, seus aliados ou parceiros, como sugerido por Donald Trump.

A premissa de que os Estados Unidos estão “confrontados com o perigo de serem atacados”, registrada na Revisão da Posse Nuclear de 2018, bem como na Estratégia de Segurança Nacional e na Estratégia de Defesa Nacional, não é nova. Seu objetivo é preparar a opinião pública americana para o desenvolvimento de novos sistemas de armas dos EUA para uma possível guerra futura. Esta disposição traz consigo o perigo de uma guerra nuclear que possa destruir o mundo.

Neste sentido, as duas bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em 1945 são uma advertência oportuna em condições modernas. Não é surpreendente que os japoneses, que foram vítimas de bombardeios nucleares americanos, estão protestando ativamente contra a nova doutrina nuclear do país.

– O Vietnã, como outros países, gostaria de ver uma América forte, responsável pelo desenvolvimento de um mundo multipolar. Mas uma América que recupera seu poder da maneira prescrita pela Estratégia de Segurança Nacional, a Estratégia de Defesa Nacional e a nova doutrina nuclear da administração Trump é, de fato, uma grande catástrofe, encerra o vietnamita.

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