Sul-coreanas protestam aos gritos de “Me Too” em Seul

Centenas de sul-coreanas realizaram nesta quinta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, uma passeata pelo centro de Seul aos gritos de “Me Too” (“Eu também”, em inglês) em referência à campanha que começou em Hollywood e vive o auge no país, onde o número de vítimas que denunciaram abusos sexuais disparou desde janeiro.

No protesto, que tomou a praça de Gwanghwamun, também foram exibidos cartazes a favor do movimento chamado “With You” (“Com você”, em inglês), que surgiu na Coreia do Sul ao calor do “Me too”.

A campanha “With You” pretende criar uma rede de apoio às vítimas de abusos sexuais em um país muito marcado pela tradição confuciana, que até agora tende a isolar e criticar aquelas que ousam denunciar superiores.

Números do Ministério de Igualdade de Gênero e Família da Coreia do Sul de 2016 mostram que 80% das cidadãs já sofreram assédio sexual no trabalho, mas que apenas 10% das afetadas denunciam por medo de represálias ou pela sensação de que nada mudaria.

Os movimentos “Me too” e “With you” chamaram a atenção no Dia Internacional da Mulher no país depois que as campanhas ganharam um crescente impulso desde janeiro, quando uma promotora denunciou um superior por abusos cometidos há anos. Desde então, um crescente número de mulheres denunciou abusos e estupros no setor privado ou no mundo da cultura ou da política.

O poeta Ko Un, considerado um dos favoritos na disputa pelo prêmio Nobel de Literatura, o famoso diretor Kim Ki-duk e o político An Hee-jung, um dos mais populares do país e considerado futuro candidato presidencial, se encontram entre os denunciados por abuso ou estupro.

Para responder a esse cenário, a ministra de Igualdade de Gênero e Família, Chung Hyun-back, anunciou nesta quinta-feira um endurecimento das penas por abuso e assédio sexual cometidos no ambiente de trabalho.