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Cuidado com a hipoglicemia

Nem sempre o jejum intermitente é a melhor alternativa

Publicado

Autor/Imagem:
Juliana Carreiro

Nas últimas semanas os benefícios do jejum intermitente têm sido amplamente divulgados nas redes sociais porque foi o tema de um prêmio Nobel de medicina. Muitos internautas aderiram à prática sem saber que ela não é indicada para todas as pessoas. É o caso daqueles que tenham predisposição genética para desenvolver hipoglicemia, queda do nível de açúcar no sangue e, muitas vezes, essa resposta do organismo à falta de glicose não é reconhecida por quem a tem.

O nosso cérebro precisa receber energia para funcionar, essa matéria-prima vem dos alimentos que nós consumimos e este órgão não tem capacidade suficiente para armazená-la, nem para aproveitar o que foi consumido há mais de três horas. Por isso precisamos ‘recarregá-lo’ constantemente. Se faltar glicose ou se ela for mal utilizada, o cérebro irá produzir os chamados ‘hormônios do estresse’ que irão transformar a proteína que formaria os nossos músculos em glicose.

A liberação desses hormônios também poderá causar sintomas como taquicardia, falta de ar, mãos e pés frios, sudorese excessiva, tontura, ouvido tampado ou com zumbido, vista turva ou com estrelinhas, enxaqueca, desmaio ou sensação de desmaio, formigamento nas extremidades, enjôo matinal, sono agitado, suor noturno, pesadelo, alteração de humor, irritabilidade. Essas sensações costumam ser confundidas com crises de pressão baixa, estresse e, quando são muito intensas, até com quadros de síndrome do pânico. Por isso o diagnóstico é bastante complexo e deve feito por um profissional da saúde. É ele também que irá avaliar se podemos ou não fazer o jejum intermitente. Eu já sei que não é para mim.

Além dos longos períodos em jejum, as crises de hipoglicemia podem ser causadas pelo consumo isolado de carboidratos refinados e de açúcar, sem que eles sejam associados a alimentos com proteínas, fibras ou adequação de vitaminas e minerais, isso provoca um pico de glicemia seguido por uma queda rápida. O consumo excessivo e frequente de alimentos alergênicos como leite de vaca, soja e glúten também está entre os vilões de quem tem essa tendência, pois suas proteínas de difícil digestão geram um processo inflamatório que prejudica o funcionamento da insulina, responsável pela utilização da glicose no organismo. Algumas vezes, o mau funcionamento da insulina e da glicose pode ser causado por alterações hormonais, que podem desencadear as crises. Além disso, elas podem surgir por conta de disbiose intestinal, com prevalência de fungos e más bactérias, como veremos abaixo.

Entre as crianças, as crises são muito comuns e podem ser até diárias. Li esses dias o relato de umas cem mães de um grupo do facebook dizendo que seus filhos acordam enjoados todos os dias e quando são forçados a tomar um copo de leite pela manhã chegam a vomitar, esse enjôo matinal é um sintoma claro de hipoglicemia que, entre os pequenos, pode ser causada pela falta de uma refeição completa na noite anterior ou pelo excesso de antibióticos. Eles destroem as boas bactérias do intestino e permitem que os fungos e as más bactérias se proliferem. Os fungos produzem substâncias chamadas de hipoglicemiantes.

Ao mesmo tempo, o leite que eles tomam para começar o dia só piora a crise, pois também tem esse papel hipoglicemiante. Outros sinais de hipoglicemia matinal são a falta de energia, a irritação, e até a dificuldade de aprendizagem, todos podem ser confundidos com sono e costumam ser considerados ‘normais’ para quem acaba de acordar, mas podem prejudicar o desempenho escolar deles. Entre as crianças os sintomas diários de hipoglicemia podem até ser confundidos com quadros de TDAH. Para evitar que isso aconteça, é importante cuidar bem do intestino, com o auxílio de um nutricionista e prestar atenção na quantidade e na qualidade do que a criança irá comer ao longo do dia e sobretudo antes de dormir.

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