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Segundo cérebro

Entenda a importância do bom funcionamento do intestino

Publicado

Autor/Imagem:
Ana Paula Scinocca

Você sabia que o intestino é considerado nosso segundo cérebro? Dentro dele nós temos bactérias, chamadas de lactobacilos, que correspondem a trilhões de células. “Hoje os cientistas sabem que temos mais lactobacilos no intestino que nossas próprias células”, afirma a médica Bruna Pitaluga Peret Ottani, ginecologista e obstetra, pós-graduada em Nutrologia e membro do The Institute for Functional Medicine (IFM).

Ela explica que os lactobacilos são responsáveis por metabolizar nutrientes, defender o nosso corpo de bactérias ruins e manter o nosso intestino saudável.

“Esses mesmos microorganismos sintetizam substâncias importantes como a serotonina, um neurotransmissor que ajuda no controle do humor. Cerca de 90% da serotonina é produzida no intestino, e não no cérebro como se achava. Essas descobertas levaram os cientistas a estudarem o que chamamos de eixo intestino-cérebro, em inglês gut-brain axis. Quando o intestino sofre, a produção desses neurotransmissores reduz e a pessoa fica irritada, mal-humorada, ansiosa etc. Por isso, quando o intestino está bem, todo corpo funciona bem também”, afirma a médica.

Confira trechos da entrevista:

Quais as doenças intestinais mais comuns? E quais as causas? Elas acometem indivíduos de todas as idades?

As doenças intestinais mais comuns são constipação, diarréia, síndrome do intestino irritável, hemorróidas, fissura anal, abscesso anal, fístula anal, doença diverticular, colite, pólipos e câncer. As doenças intestinais acometem pessoas de todas as idades e, nos últimos dez anos, aumentaram em frequência e começam a aparecer em pessoas cada mais jovens. Câncer de intestino, por exemplo, era a quinta causa de morte em mulheres e no último senso do Inca (Instituto de Câncer) é a segunda causa, com aumento da incidência em menos de uma década.

O que fazer para evitar doenças intestinais?

O intestino é um órgão sensível que se conecta como meio externo toda vez que comemos. Alimentos são reconhecidos pelo intestino como próprios e não-próprios. Alface e tomate são alimentos conhecidos como próprios, por exemplo. Refrigerante e pão são reconhecidos como alimentos não-próprios. Acontece que ao longo da vida, e cada vez mais precocemente, as pessoas têm contato com alimentos estranhos para o intestino. Isso acarreta uma série de reações inflamatórias que culminam com as doenças intestinais. Alimentar-se com vegetais e frutas, comer carne de boa procedência, além de evitar alimentos industrializados são algumas medidas para manter a saúde intestinal.

Quais os cuidados que devemos tomar com as crianças para que elas não sofram na vida adulta com doenças intestinais?

Manter a alimentação da forma mais natural possível durante a vida. Uma pessoa que na vida intra-útero, quando ainda é um feto, tem um ambiente saudável tem mais bactérias boas no intestino. Essas bactérias são responsáveis por metabolizar nutrientes, criar uma barreira de defesa e etc. O nascimento é importante também. A via de parto pode determinar a colonização do intestino do bebê quando nasce. O parto normal é a melhor forma de colonizar o intestino com bactérias boas. A amamentação com leite materno alimenta essas bactérias e mantém o bebê mais saudável. Todos sabemos que as crianças devem ser amamentadas com leite materno até dois anos de vida. Mas não adianta ter uma boa vida intrauterina, ser amamentado pela mãe e tomar refrigerante na mamadeira, suco de caixinha, comer pão e não comer verduras. Para manter essas bactérias (chamadas lactobacilos) é necessário comer alimentos ricos em nutrientes e derivados da natureza. Elas gostam de alface, tomate, pepino, aspargos, cebola etc.

Quais os sintomas que devemos levar em conta para saber se temos algum problema e se é hora de procurar um médico?

Qualquer mudança no ritmo intestinal é um sinal de alerta. Uma pessoa deve evacuar pelo menos uma vez ao dia, com fezes formadas em forma de salsicha (salsicha é um alimento ruim para o intestino, mas a forma das fezes deve ser parecida). Não devemos fazer força ou sofrer para evacuar. As fezes que bóiam têm mais fibras e são, por definição, o melhor tipo de fezes. Quando as fezes afundam significa que têm poucas fibras. Se ao evacuar uma pessoa perceber que tem sangue junto as fezes deve procurar um médico imediatamente. Além disso, alternar períodos de constipação e diarréia também é um sinal de desequilíbrio do funcionamento intestinal e deve ser avaliado por um profissional qualificado.

O intestino é considerado nosso segundo cérebro por qual razão?

Como eu disse, dentro o intestino nós temos bactérias, chamadas de lactobacilos. Esses lactobacilos correspondem a trilhões de células. Hoje os cientistas sabem que temos mais lactobacilos no intestino que nossas próprias células! Esses lactobacilos são responsáveis por metabolizar nutrientes, defender o nosso corpo de bactérias ruins e manter o nosso intestino saudável. Esses mesmos microorganismos sintetizam substâncias importantes como a serotonina, um neurotransmissor que ajuda no controle do humor. Cerca de 90% da serotonina é produzida no intestino, e não no cérebro como se achava. Essas descobertas levaram os cientistas a estudarem o que chamamos de eixo intestino-cérebro, em inglês gut-brain axis. Quando o intestino sofre, a produção desses neurotransmissores reduz e a pessoa fica irritada, mal-humorada, ansiosa etc. Por isso, quando o intestino está bem, todo corpo funciona bem também.

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