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Datena, o candidato

‘Põe na tela aí. Eu quero ser o presidente do Brasil’

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Autor/Imagem:
José Fucs

Depois do apresentador Luciano Huck e do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. (STF) Joaquim Barbosa, um novo outsider poderá entrar na disputa nas eleições deste ano. Desta vez, é o apresentador José Luiz Datena, da rádio e TV Bandeirantes quem se apresenta.

Recém-filiado ao DEM, Datena reforçou seu desejo de concorrer a uma vaga no Senado, provavelmente na chapa do ex-prefeito João Doria (PSDB), pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes, mas disse que avalia também o lançamento de uma candidatura à Presidência. A participação como vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Presidência, é outra opção que está no radar do apresentador.

Em 2016, Datena chegou a pensar em disputar a Prefeitura de São Paulo. Agora, nestas eleições, cogitou se lançar ao Senado, voltou atrás, e nos últimos dias passou a pensar em participar da disputa, inclusive com voos mais altos.

Nesta quarta-feira, 13, Datena se encontrou em Brasília com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, pré-candidato do DEM à Presidência, para discutir a questão. Ambos afirmaram que a conversa se concentrou na candidatura de Datena ao Senado em São Paulo.

Nos bastidores, porém, o que se diz é que Maia ficou de avaliar melhor as alternativas e consultar os partidos aliados do chamado Centrão. Enquanto isso, Datena se comprometeu a conversar sobre o assunto com Johnny Saad, presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação. A ideia é os dois voltarem a falar para tomar uma decisão final nos próximos dez dias.

“Eu me proponho a ser candidato ao Senado. Agora, se pintar a possibilidade de ser candidato à Presidência da República, talvez eu tente ajudar o meu País. Quero ser candidato para ajudar o povo”, afirmou Datena. “É mais uma decisão do partido do que minha. Depende das articulações, dos resultados das pesquisas.”

Sua candidatura presidencial passou a ser ventilada diante da falta de um candidato com força para enfrentar Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) nas eleições presidenciais. Como a candidatura de Alckmin ainda não decolou, cresceu a preocupação no Centrão com os rumos da campanha.

A percepção é de que o empresário Josué Gomes, do PR – cuja candidatura também tem sido analisada pelo grupo, com possível apoio do DEM -, acabaria sendo “outro Flávio Rocha”, que também luta sem sucesso até agora para ganhar apoio do eleitorado à sua primeira candidatura à Presidência.

Por ser uma figura conhecida dos eleitores, alguns analistas acreditam que Datena possa alcançar de largada 7% ou 8% das intenções de voto e passar Alckmin, que aparece com 5% a 6%, nas pesquisas. “Quem sabe um outsider não possa fazer alguma coisa?”, pergunta Datena. “Só aparece outsider porque quem está aí não está satisfazendo.”

Passe – Segundo o cientista político Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o DEM está tentando apenas valorizar o passe do partido ao ventilar o nome de Datena para a corrida presidencial. “Um dos cálculos do DEM é permanecer no governo, apesar de se vender como alguém que está distante”, afirmou.

Datena, que já foi filiado ao PT entre 1992 e 2015, e ao Partido Republicano Progressista (PRP) de setembro de 2017 a março de 2018, antes de ingressar no DEM, disse que tem “uma vontade muito grande” de ajudar o País. Ideologicamente, o apresentador se considera “mais para o centro” e um defensor da liberdade e da democracia. “No Brasil, não há liberdade para nada”, disse.

Curiosamente, ao falar sobre o ditador Kim Jong-un, Datena defendeu a Coreia do Norte e afirmou que o país não teve outra opção a não ser se fechar para o mundo diante das agressões perpetradas pelo “imperialismo americano”. “Meu programa, que trata de segurança e criminalidade, é de direita. Eu, não”, declarou.

Ao mesmo tempo, ele criticou o comunismo e seus timoneiros, como Lênin, Stálin e Mao Tsé-Tung, que deixaram milhões de mortos na União Soviética, na China e em outros países. “O problema do Brasil não é de direita, de esquerda ou de centro, mas do sistema político”, avalia o apresentador.

Datena parece consciente de que o próximo presidente “vai ter uma bucha” para administrar. “Nem sei se ele vai conseguir terminar o mandato, porque terá que fazer muitas reformas impopulares.”

“A democracia não sobrevive sem consenso político, qualquer que seja o presidente eleito”. Para ele, porém, isso não parece ser o suficiente para afastá-lo da empreitada. “Eu já ganhei muito dinheiro, sou famoso, posso arriscar. Arrisquei a vida toda.”

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