‘Volta, Arruda!’, um filme de gratidão na Estrutural, sem pagar cachê
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emDo dia nublado, mas quente deste sábado (2), um grupo de profissionais se esforçava para tirar a mais intensa veia cênica dos humildes moradores da cidade Estrutural. A pé ou de bicicleta, os “atores” seguiam cabalmente as ordens da diretora. Empolgação, queria ela. A gravação tinha uma frase, que intentam eles, ser um brado de vitória para o capítulo final dessa encenação em 5 de outubro: o volta Arruda.
Na Estrutural, cenário escolhido pela produtora para gravar os comerciais da campanha de José Roberto Arruda, há um grande curral eleitoral do agora candidato republicano. À época em que esteve à frente do Buriti, Arruda fez algumas obras na cidade como a pavimentação e escolas. Isso fez com que a população, inocentemente, tivesse uma dívida de gratidão com ele. E talvez por isso nem o cachê foi cobrado.
Mas no “filme” Volta Arruda, não foram apenas os atores humildes de chinelo velho e poeira no pé a pedir o retorno do ex-governador. A poucos quilômetros dali, sujeitos vestidos de ternos em corte italiano ou inglês e sapatos scarpin também participaram, meses antes, desse enredo: os deputados distritais.
Ter suas contas aprovadas pela Câmara Legislativa era um passo importante para Arruda se candidatar novamente a cadeira principal do Palácio do Buriti. E como fazer isso se a maioria esmagadora da Casa era base do atual governo liderado pelos petistas? Simples. O ex-governador ligou pessoalmente para os parlamentares antes da sessão que analisaria suas contas. Não deu outra. A gestão de 2008 passou pelo crivo dos distritais.
Numa conversa aqui e outra ali com os deputados, a justificativa era consenso: também tinham uma dívida de gratidão com o ex-governador. Sem dificuldades com aliados e muito menos com os que deveriam ser inimigos políticos, Arruda vai repavimentando a sua rampa do Buriti.
E no último ano, em cinco pesquisas de intenção de voto, o candidato do PR liderou todas. Enquanto isso, nem Rollemberg nem Pitiman conseguem convencer os eleitores, que ironicamente pediam uma renovação no governo.
Elton Santos