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'Um sonho a mais não faz mal'

Rollemberg desfalca polícia e afaga Justiça em plena eleição

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Autor/Imagem:
José Seabra

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) parece possuir uma característica pessoal que na prática dá a seus atos uma inegável ambiguidade. Para seus correligionários e assessores que vivem em sua órbita, ele é um persistente. Já para a parcela – grande maioria -, que não depende dele para existir, ele não passa de um teimoso.

Não se sabe se pelo oba-oba dos que vivem à sua sombra, ou por teimosia, Rollemberg crê que será reconduzido ao Palácio do Buriti. É pouco provável que isso aconteça. Até porque, como já foi dito anteriormente, ele governa Brasília, virando as costas ao Distrito Federal como um todo. E é ali, na periferia, onde estão os votos.

O certo, ele sabe disso, é que a reeleição é vista como uma tábua da salvação em meio a um naufrágio. Precisa manter – e garantir por mais quatro anos – um foro privilegiado, embora vira e mexe a legislação mude. E foro, para governador, é o Superior Tribunal de Justiça, onde eventuais escorregadas são julgadas.

Então, vamos lá. Como o momento em que se aproximam as eleições o é de afagos, o Diário Oficial publica em sua edição desta segunda-feira, 6, um convênio entre o Governo do Distrito Federal e aquela Corte, permitindo a cessão de policiais militares por um prazo de até cinco anos.

O Conselho Nacional de Justiça determinou por meio da Resolução 148/2012 do CNJ, que a atividade dos policiais e bombeiros militares é restrita à segurança institucional e à segurança de magistrados, desde que esses vivam sob ameaça. É, portanto, estranha a assinatura do acordo. Até porque, o STJ dispõe em seu orçamento de verba específica para contratar empresas de segurança. Não bastasse isso, o Tribunal tem quadro próprio de ‘policia’, com os agentes devidamente identificados.

Ao mesmo tempo em que Rollemberg cede mais policiais a um Tribunal, a violência fica sem controle em Brasília. Na noite do domingo, 5, por exemplo, uma dona de casa foi morta e o suposto assassino desapareceu sem ser incomodado.

As trapalhadas do governador se avolumam a cada dia. Esta do convênio é apenas mais uma na área da segurança pública, já que vários órgãos, como o Ministério Público e o Tribunal de Justiça, também contam com policiais militares cedidos. Assim, ao procurar ficar bem com quem denuncia e com quem julga o denunciado, Rollemberg tenta pavimentar seu futuro.

Mas, tudo bem. Afinal, como se canta “Wisky a Go Go” de Michael Sullivan e Paulo Massadas, imortalizada pelo grupo Roupa Nova, um sonho a mais não faz mal.

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