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OMC

Tensão entre EUA e China vai desacelerar comércio

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Pedro Nascimento, Edição

O comércio mundial já começou a ser afetado pelas medidas protecionistas e pela guerra comercial iniciada pelo governo de Donald Trump. Dados publicados nesta quinta-feira, 9, pela Organização Mundial do Comércio (OMC) apontam que o fluxo de exportação sofrerá uma desaceleração nos próximos meses. Para a entidade, a tensão política é a principal responsável.

Esta é a primeira vez que a OMC apresenta dados concretos sobre o impacto da tensão, desde que americanos e chineses passaram a impor sanções, elevar tarifas e recorrer ao protecionismo. Diversos dados publicados ao longo da última semana por outras entidades já haviam revelado como a guerra comercial desacelerou o volume de cargas transportadas e até as encomendas à indústria alemã.

No quarto trimestre de 2017, a expansão do comércio havia sido de 1,1%. Já nos três primeiros meses de 2018, o crescimento foi de apenas 0,2%. A OMC não traz uma previsão de quanto seria a taxa de crescimento ou de queda no segundo semestre. Contudo, admite que “a expansão comercial deve desacelerar ainda mais no terceiro trimestre de 2018”.

Para medir a tendência do comércio, a OMC criou um indicador que coleta dados de exportações, cargas e outros índices setoriais considerados alguns dos pilares da economia mundial. Uma taxa de 100 pontos significa uma estagnação do crescimento do comércio. Para o terceiro trimestre do ano, o resultado apontou para 100,3 pontos, o que significa uma expansão praticamente insignificante. No trimestre passado, a pontuação havia atingido 101,8.

“A perda de ritmo reflete a fraqueza de índices, como as encomendas de exportação e a produção e venda de carros, que podem estar respondendo às tensões comerciais”, alertou a entidade em um comunicado emitido em Genebra. “A tensão comercial cada vez maior coloca em risco as previsões do comércio e será monitorada de perto”, explicou a OMC.

Índices – Entre os índices, as encomendas por exportações caíram e chegaram a uma taxa de 97,2. O mesmo ocorreu com a venda de carros, com índices de 98,1. Os índices de carga aérea continuaram no campo positivo, assim como o dos portos e contêineres. Mas a OMC estima que “o crescimento parece ter passado seu ponto mais elevado”.

O que ainda continua acima da tendência média é o comércio de componentes eletrônicos. O comércio agrícola se recuperou de uma baixa no segundo trimestre e seguiu a tendência geral, com 100,1 pontos.

Antes da eclosão da guerra comercial, a OMC previa um crescimento importante das exportações em 2018 e 2019, ainda que admitisse que uma certa desaceleração iria ocorrer. Em 2017, a expansão do comércio internacional em volume foi de 4,7% e, em valores, chegou a 10,7%, o melhor desde 2011, e atingiu US$ 17 trilhões. Para 2018, a previsão original é de que ela poder ser de 4,4%. Em 2019, a previsão inicial apontava para 4%.

Agora, esta previsão pode ser revista para baixo, diante de uma nova desaceleração das exportações. Para a Organização Mundial do Comércio, os riscos são reais. Em colunas publicadas nesta semana em diferentes jornais internacionais, o diretor da instituição, Roberto Azevedo, deixou claro que “o comércio mundial está sob ameaça”. “Chame ou não a atual situação de guerra comercial, o que é certo é que os primeiros disparos foram feitos”, disse o brasileiro.

 

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