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Friboi enche cofres via BNDES e doa muito dinheiro para candidatos

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A JBS — mais conhecida pela marca Friboi –, maior processadora de carnes do mundo e que costuma usar o cantor Roberto Carlos como garoto-propaganda, é a empresa que mais distribuiu dinheiro a partidos e candidatos nestas eleições até agora, com R$ 51 milhões em doações, segundo dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, computados pelo Uol.

Os números referem-se à primeira parcial de doações. Até a realização do pleito, em 5 de outubro, haverá uma segunda parcial. Os números consolidados com o total de doações só serão divulgados em novembro, após a realização do segundo turno.

O montante doado neste ano, entretanto, já supera de longe o que a JBS distribuiu ao todo em 2010: R$ 30 milhões. Naquele pleito, o grupo já figurava entre as dez maiores doadoras de campanha.

Os dados do TSE mostram que a JBS não discrimina ao doar: partidos de diferentes ideologias, governistas, da oposição e até os que se postulam à terceira via, como o PSB, receberam aportes do grupo.

O mais beneficiado pelo grupo, que tem o cantor Roberto Carlos e o ator Tony Ramos como garotos-propaganda, foi o PMDB, que recebeu R$ 13,6 milhões, dos quais R$ 6,6 milhões foram direcionados ao diretório da sigla no Rio de Janeiro, que tem Luiz Fernando Pezão como candidato ao governo. Outros R$ 5 milhões foram doados ao diretório peemedebista no Mato Grosso, Estado em que Nelson Trad Filho disputa o governo pelo partido.

A trajetória da Friboi, empresa pouco conhecida até meados da década passada, coincide com a chegada do PT ao poder.

Mais do que mera coincidência, na realidade, o crescimento do grupo está diretamente relacionado com uma política declarada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de eleger “campeãs nacionais”, empresas líderes de setores considerados estratégicos, e torná-las gigantes internacionalmente, como ocorreu com a Oi e com as empresas de Eike Batista.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, banco público cuja finalidade é estimular a infraestrutura do país, foi o instrumento utilizado para aplicar tal política. Entre 2005 e 2013, a JBS recebeu empréstimos de R$ 2,1 bilhões do banco, segundo o próprio BNDES.

O valor é equivalente a cinco vezes o que foi emprestado ao Corinthians para a construção do Itaquerão (R$ 400 milhões).

O maior aporte de recursos do BNDES na JBS, entretanto, ocorreu por meio da compra de papéis do grupo: R$ 8,5 bilhões. Hoje, o banco detém 24,6% do capital do grupo. Neste período de parceria com o BNDES, a JBS tornou-se o maior frigorífico do mundo, comprando mais de 20 grandes empresas nacionais e internacionais do setor. Em 2013, o volume de vendas da JBS chegou a R$ 93 bilhões.

A política é criticada por concorrentes da JBS e até pela CNA (Confederação Nacional da Agricultora e Pecuária), que veem cartel na prática, embora o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) não veja irregularidades.

Questionada sobre se há conflito ético em receber altas quantias de um banco público e ser campeã de doações eleitorais, a JBS respondeu: “Todas as doações são registradas e seguem as regras do TSE, não havendo por isso qualquer tipo de conflito de interesse.”

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